22/10/2014
Por João José Oliveira | De São Paulo
O grupo Flytour, operadora turística que gerou volume de negócios de R$ 4 bilhões em 2013 no setor de viagens corporativas, quer mais que dobrar de tamanho até 2018 e gerar vendas da ordem de R$ 9,4 bilhões, crescendo agora no segmento de lazer, onde a empresa tem participação praticamente nula.
Dos R$ 4 bilhões que o Grupo Flytour movimentou, a empresa capturou receita operacional de R$ 198,34 milhões e fez um lucro líquido de R$ 7,4 milhões, com margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 11,9%.
O plano da empresa, que completa 40 anos em novembro, é investir R$ 100 milhões em tecnologia e marketing para suportar uma rede de 426 lojas e conquistar a vice-liderança no segmento de varejo, hoje dominado pela CVC. Os recursos serão gerados pelo caixa da própria empresa.
“Esse mercado [de varejo] tem uma líder, de R$ 4 bilhões. A segunda colocada fatura R$ 500 milhões. Tem uma grande oportunidade aqui”, disse o presidente do Grupo Flytour, Eloi D’Avila de Oliveira, referindo-se à CVC, que registrou R$ 4,07 bilhões em volume de negócios em 2013.
Mas para enfrentar a CVC, a Flytour vai ter que praticamente criar uma nova empresa. Afinal, a quase totalidade de sua receita vem do segmento corporativo, por meio das unidades Flytour Serviços e Viagens – que inclui os franqueados – e a Flytour American Express.
Hoje, essas duas unidades atendem empresas e executivos em viagens e eventos de negócios por meio de uma rede de 132 lojas. Essas unidades serão ampliadas e convertidas em atendimento ao público de pessoas físicas, diz o presidente do grupo. “Esse processo começou há dois anos, quando desenhamos o projeto. Ano passado, criamos a operadora, que monta e vende pacotes, para atender nossa rede.”
O plano é chegar a uma rede de 426 pontos de atendimento até 2018, com 5 mil funcionários. Serão 100 lojas próprias do grupo – com participação majoritária ou minoritária – e mais 326 lojas abertas no sistema de franquia. “Estamos investindo 13% de nossa receita bruta em TI e marketing”, disse D’Avila.
A empresa tem uma unidade consolidadora, que atua como distribuidora – comprando passagens aéreas, diárias de hotéis, seguros e outros serviços de turismo para revender a um universo de 4 mil agências de varejo. “Vamos atrair 10% dessas agências para que se tornem franqueados da Flytour”, disse o presidente da Flytour.
O executivo diz que a decisão de focar a expansão no varejo não tem relação com a conjuntura de crise por que passou o setor de viagens de negócios em 2014. “A indústria do turismo no Brasil ainda tem uma participação muito baixa no PIB [Produto Interno Bruto] do país”, afirma.
No começo de 2014, a Flytour tinha como meta elevar o faturamento bruto em 16% nominais ante o desempenho apurado no ano passado. “Mas se crescermos 11% já vai ser um pouco mais que a inflação. A Copa atrapalhou os negócios e a demanda não voltou após o Mundial”, disse Oliveira. Segundo ele, a margem de lucro este ano será menor que a de 2013. “Vai ficar em um dígito”, afirmou.
No primeiro semestre do ano, a empresa cresceu 11% em termos de faturamento por reservas confirmadas. Mas a expansão foi heterogênea. A Flytour American Express cresceu 6%, a Flytour Franchising avançou 13%, enquanto a Flytour Viagens, que começou a operar ano passado, atingiu 60% de expansão.
Valor Econômico – SP