O segmento do varejo no Brasil segue em queda. Segundo o boletim da Cielo de impacto da COVID-19 no varejo brasileiro, houve queda de -29,1% no setor nas primeiras semanas de abril.
Apesar das incertezas do cenário, duas startups brasileiras nadam contra a corrente ― uma ao oferecer soluções que podem trazer novo fôlego à empresas do setor, e outra por ter pivotado seu negócio a tempo de manter as coisas de pé.
Confira abaixo os cases das empresas Reduza e Numenu, ambas premiadas pelo ranking 100 Open Startups em 2019.
Reduza
Procurar cupons e descontos na internet não é fácil, e esse é um dos principais mecanismos para usuários em busca dos menores preços. Foi para facilitar esse processo que surgiu o Reduza, startup de Campo Grande (MS), fundada pelos sócios Alessandro Fontes, Neto Gonçalves e Lucas Pelegrino. A empresa une a comparação de preços com testes automatizados de cupons e descontos, oferecendo preços competitivos para compradores digitais. Segundo o cofundador e diretor Alessandro Fontes, isso pode representar até 40% do valor total da compra, com variações de até 400% de uma loja para outra.
Hoje, a startup participa de uma aceleração pela Living Lab, um espaço do Sebrae que fomenta o setor de inovação no Mato Grosso do Sul.
“O Reduza vem para substituir os tradicionais sites de cupons de descontos e comparadores de preços, entregando uma experiência inovadora, onde um usuário que perdia de três a quatro para fazer uma compra pode fazê-la em menos de um minuto. É a informação e tecnologia em prol do que os varejistas têm de mais precioso: o consumidor”, explicou Alessandro Fontes ao Whow!
O Diretor explica que o e-commerce no Brasil segue a curva de crescimento do resto do mundo, graças à maior aderência ao consumo digital. Concomitantemente, os hábitos e prioridades de consumo mudam com frequência, e a pandemia trouxe mais uma dessas incertezas. Aos primeiros sinais da crise, a equipe da Reduza se reuniu e imaginou estratégias para diferentes cenários. De acordo com Alessandro, chegaram a considerar corte de gastos, adaptações do modelo de negócio, revisão de prioridades e anúncios.
Nos primeiros dias, ele conta, a startup sentiu um impacto considerável na receita. Contudo, o planejamento e as estratégias tomadas surtiram efeito positivo, e a Reduza deve fechar abril com um crescimento de 15% em relação a março.
“Nós, como startup, temos essa flexibilização para nos adaptar, então o Reduza nunca foi igual ao dia anterior. Estamos em uma constante evolução, levando sempre ao consumidor o nosso melhor, e a inovação vem junto, se colocando no lugar de cada usuário. Analisando dados e recebendo feedbacks conseguimos fazer “remédio” para as feridas que mais incomodam o consumidor.”
Alessandro Fontes, co-fundador e diretor do Reduza
Numenu
A Numenu (top 7 no ranking 100 Open Startups 2019) foi um grande exemplo de empresa que tinha tudo para seguir o fluxo de queda do varejo, se não fosse a agilidade de seus gestores para pivotar o negócio a tempo.
Sebastian Lucca Netto, CEO e fundador da Numenu, contou ao Whow! que a startup começou como uma micro-conveniência no segmento de carros de aplicativo. “Nós levávamos uma lojinha para dentro dos carros, oferecendo renda extra aos motoristas em uma conveniência durante a sua corrida. Dada a COVID-19, o segmento de carros de aplicativo caiu drasticamente, e nos vimos em uma situação em que precisávamos migrar a atuação para outros ambientes”.
O CEO explica que a empresa já estava ciente desde o início de março sobre a queda do modelo de negócio no segmento, ao observar os mercados internacionais, onde a crise já estava mais avançada. Isso permitiu que a empresa avançasse a migração do modelo de negócio em algumas semanas, evitando o impacto da crise.
“Acabamos ganhando 15 dias à frente em relação à quarentena. Quando chegaram as medidas governamentais já estávamos preparados para conseguir entrar no condomínios e oferecer essa solução”, conta, explicando que agora a empresa opera com conveniência de produtos de higiene, limpeza, bebidas, alimentos, lavagem de roupas e outros suprimentos de reabastecimento dentro de condomínios residenciais.
Sebastian compartilha que, pela primeira vez na história, as corridas de Uber Eats superaram as de Uber tradicional ― indicando uma queda gigantesca na demanda dentro dos carros. Por esta razão, a empresa já encerrou totalmente as operações com conveniência no modelo antigo, focando, agora, nos condomínios.
Contudo, esse novo rumo não é um indicativo de que o projeto inicial da empresa fracassou. Muito pelo contrário: de acordo com Sebastian, a missão da Numenu sempre foi otimizar o tempo das pessoas através da conveniência em movimento. “Nossa demanda caiu mais de 90%. Mas pelo contrário, quando entramos nos condomínios, tivemos uma ótima impressão, fomos surpreendidos positivamente com uma demanda maior do que o que a gente esperava.”
A empresa pretende, então, continuar investindo em consumo futuro, e não mais em consumo imediato, como faziam no passado. Além disso, também oferecem consultoria a outras empresas e startups do segmento, sobretudo aos que querem replicar o modelo de negócio fora da cidade de São Paulo.
“Para nós, a decisão de pivotar e migrar dos carros de aplicativos para dentro de condomínios foi fácil, porque nunca esteve no nosso propósito atuar exclusivamente dentro de carro de aplicativo; sempre foi otimizar o tempo das pessoas através de conveniência em movimento. Continuamos aplicando esse propósito mesmo no ambiente de condomínios residenciais”
Sebastian Lucca Netto, CEO e fundador da Numenu
Fonte: Whow