20/10/2014 às 05h00
Por Flavia Lima | De São Paulo
Em meio a incertezas, os agentes econômicos tendem a se retrair, mas, passado o período de eleições, o cenário deve se reverter, afirma Nicola Calicchio, presidente da McKinsey para a América Latina. “Sentimos que nossos clientes estão cautelosos, mas, passado o momento de eleições, se tem uma perspectiva melhor. Por um lado ou por outro, as empresas se ajustam”, afirma o executivo, para quem o mundo também encara um momento de indefinição, sem saber se está ou não mais perto do fim de um de ciclo econômico.
Segundo Calicchio, independentemente de quem ganhe o pleito, o país tem todas as condições de voltar a crescer 4% ao ano durante os próximos 20 anos, sem a tão comentada oposição entre investimentos em infraestrutura e expansão do consumo. “Isso é possível reduzindo desperdício, aumentando a produtividade e controlando o gasto público”, afirma. “Se nas empresas sempre existe aumento de produtividade possível, imagine no setor público. Esse ‘trade off’ entre consumo e investimento é falso. O trade off é entre eficiência e desperdício”.
Do lado das empresas, além das incertezas macroeconômicas, estudo da McKinsey indica que duas em cada três empresas brasileiras que passaram por processos de reorganização nos últimos cinco anos não atingiram seus objetivos, gerando perdas em torno de R$ 3 bilhões. Nesse período, cerca de 80% das maiores companhias do país conduziram iniciativas do tipo. A falha, diz o estudo, ocorre, principalmente, por conta da perda de produtividade dos empregados durante o processo, sobretudo daqueles no topo da hierarquia da corporação. “Uma reorganização numa empresa é um momento de incerteza. No microcosmo de uma empresa ou no macrocosmo de uma economia se reorganizando há energia gasta”, afirma Flávio Litterio, sócio da McKinsey.
O resultado, contudo, não se restringiu ao Brasil. No mundo, a taxa de sucesso dos projetos de reorganização, com alcance dos objetivos e melhora de performance, foi de 23%. O índice de insucesso em reorganizações na América Latina é um pouco melhor, de 33%, mostra o estudo, realizado com 1.900 empresários de todo o mundo.
O estudo vai ser discutido em São Paulo, no próximo dia 24, na Conferência i3 – Insight, Impacto e Inovação -, que pela primeira vez ocorre no Brasil.
Valor Econômico – SP