Companhia, que reúne Casas Bahia e Ponto Frio, prepara ambiente para adotar soluções mais inovadoras e integrar as lojas físicas com suas respectivas operações no e-commerce
Moacir Drska
mdrska@brasileconomico.com.br
Mais que a entrega de um produto na ponta, a rota do varejo para chegar ao consumidor inclui diversos caminhos, que vão desde os processos de logística até as estratégias de vendas e de precificação. Nesse contexto, a tecnologia vem desempenhando um papel essencial para o setor. Esse é o caso da Via Varejo, que reúne as bandeiras Casas Bahia e Ponto Frio, que investiu R$ 16 milhões no primeiro semestre em projetos da área, com o objetivo de preparar seu ambiente tecnológico para uma nova etapa de crescimento.
Vim para cá com a missão de modernizar a área de tecnologia da informação (TI) da ViaVarejo, diante dos desafios que a companhia tinha e terá pela frente. Ao mesmo tempo, essa abordagem abre boas oportunidades para reduzir custos, diz Julio Baião, diretor de TI da Via Varejo. Hoje, é praticamente impossível encontrar algum processo de negócio no qual a TI não esteja inserida, afirma.
À frente da área de TI desde o início de 2013, Baião definiu como a bases para essa estratégia um projeto para integrar e automatizar a gestão de todos os sistemas da Via Varejo, baseadas em grande parte em mainframes, como são conhecidos os computadores de grande porte com alto poder de processamento adotados por bancos, varejistas e operadoras. O projeto foi tocado em parceria com a BMC Software. Nós trocamos a ferramenta que gerencia o coração da empresa e preparamos essa estrutura para integrar novas soluções, diz.
A Via Varejo prepara agora novos saltos. Um dos planos é investir em uma estratégia multicanal, o que passa pela integração das lojas físicas das Casas Bahia e do Ponto Frio com suas respectivas operações no e-commerce, que fazem parte da Cnova, companhia que reúne os negócios de e-commerce do Grupo Pão de Açúcar controlador da Via Varejo e do grupo francês Casino. Recém-criada, a Cnova se prepara para abrir capital na Nasdaq em 2015.
O primeiro movimento da Via Varejo envolveu a unificação das operações físicas e virtuaisnos centros de distribuição de Camaçari (BA) e de Contagem (MG). Esse mesmo esforço, diz Baião, começa a ser estendido aos outros 25 centros de distribuição considerando também os entrepostos da companhia. Em logística, a adoção de software para ampliar a produtividade e reduzir custos é mais uma vertente. Um dos exemplos é um sistema que aprimora e automatiza a definição de rotas, levando em conta questões como a localização dos centros de distribuição e dos endereços de entrega. Antes do projeto, um caminhão fazia de 18 a 20 entregas diárias. Hoje, esse número varia de 25 a 27 entregas.
Ainda em fase de avaliação, os próximos passos da estratégia multicanal estão mais direcionados à melhoriada experiênciados consumidores. Nessa esfera, diz Baião, os projetos envolvem elementos que estão entre as prioridades de grande parte dos varejistas atualmente. Os exemplos incluem a possibilidade de o consumidor adquirir um produto pelo canal de e-commerce e retirar o item em uma loja física de sua preferência, bem como os demais processos que envolvem a interação entre todos esses canais. Hoje, além de preço, o consumidor quer cada vez mais agilidade e conveniência no atendimento e a TI exerce um papel fundamental para colocar isso em prática, observa.
A ViaVarejo também está abrindo uma frente de soluções mais inovadoras por meio de projetos piloto. A loja doPonto Frio em São Caetano, por exemplo, é a primeira na qual está sendo testada a iniciativa de fornecer tablets aos vendedores para ampliar o potencial de vendas e, ao mesmo tempo, aprimorar a experiência dos clientes. Jánas unidades dos shoppings Morumbi e Ibirapuera, em São Paulo, a novidade foi um projeto que coloca um Google Glass à disposição dos consumidores. Entre outros recursos, o dispositivo permite que o cliente faça um tour guiado interativo. Todos esses projetos estão fortemente ligados à demanda do consumidor por informações mais precisas, ágeis e por multicanalidade.
O caldeirão de novas tecnologias em análise inclui ainda conceitos como big data e computação em nuvem. Nesse último formato, umdos passos iniciais foi um projeto de terceirização do data center, que foi migrado para as instalações da IBM. Parte dessa iniciativa adotada para reduzir custos inclui modelos de nuvem.
Brasil Econômico – SP