16/10/2014 às 05h00
Por Denise Neumann | São Paulo
As vendas do varejo no Nordeste e no Norte descolaram do resto do país e contrastam com a queda no Sudeste. Enquanto na média do Brasil, as vendas em volume do varejo ampliado (que inclui automóveis e material de construção) caíram 1,5% no acumulado do ano em relação ao mesmo período do ano passado, em todos os Estados do Norte e do Nordeste elas sobem, com exceção do Amapá, onde também estão menores.
No Sudeste, há quedas fortes em São Paulo (menos 5,1%) e Espírito Santo (menos 5,2%), recuo abaixo da média em Minas Gerais (0,7%) e alta de 0,8% no Rio de Janeiro. No Sul, o resultado é dividido. Há uma expressiva queda no Paraná (menos 3,4%), com altas de 1,2% em Santa Catarina e de 1,5% no Rio Grande do Sul. O Centro-Oeste também está dividido, mas na média o resultado é mais fraco (queda de 1% em Mato Grosso do Sul e de 2,4% em Goiás, com altas de 0,6% e 0,8%, respectivamente, em Mato Grosso e Distrito Federal).
É difícil entender o que sustenta o claro crescimento das vendas do varejo no Nordeste. Uma hipótese é o aumento do emprego, embora os sinais da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também mostrem aumento da desocupação nas duas principais regiões metropolitanas do Nordeste e queda na renda real em Salvador e aumento em Recife. Pelos dados da PME, o total de pessoas ocupadas em Recife e em Salvador aumentou entre agosto deste ano e agosto do ano passado. Na soma, foram 100 mil ocupados a mais. Nas três regiões do Sudeste (São Paulo, Rio e Belo Horizonte), houve queda de 158 mil pessoas no total de ocupados.
A Pnad contínua (que é mais ampla que a PME porque incorpora mais Estados e o interior deles) traz números ainda mais incisivos sobre a ocupação no Nordeste, embora as últimas informações disponíveis sejam do primeiro trimestre. Na comparação entre os primeiros três meses de 2013 e de 2014, o total de ocupados no Nordeste cresceu 4,9%, indicando a incorporação de mais de um milhão de pessoas ao total de trabalhadores. No Sudeste e no Sul o aumento foi muito menor, de 0,8%, e indicou a incorporação de 312 mil e 115 mil pessoas ao total de ocupados, respectivamente.
Os dados da produção industrial são mais divergentes entre as regiões e não sugerem que a produção do setor possa ser a explicação para o desempenho do Nordeste. Enquanto a média da produção do setor de transformação no Brasil recuou 4% nos primeiros oito meses (em relação a igual período de 2013), ela caiu 5,9% na Bahia e 1,5% no Ceará, enquanto subiu 2,1% em Pernambuco. No Sudeste e no Sul ela cai em todos os Estados, enquanto cresce em Goiás e Mato Grosso.
Os dados do Cadastro de Empregados e Desempregados (Caged) também mostra que a criação de vagas no Nordeste caiu menos do que no conjunto do país. De janeiro a setembro, a região gerou 11% menos vagas em relação a igual período do ano passado, enquanto no Brasil o ritmo foi 31% menor, e em São Paulo, 39% menor.
Valor Econômico – SP