Sem a tradicional teleconferência com investidores, a Saraiva divulgou os seus resultados financeiros do quarto trimestre de 2019. No período, a varejista apresentou receita bruta de R$ 163,5 milhões, cifra 26% menor do que a apurada em igual período de 2018. O prejuízo líquido foi R$ 98,8 milhões, redução de 44,1% na mesma base de comparação. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ficou negativo em R$ 41,8 milhões.
Mas mais importante do que os números, a Saraiva assumiu aos seus acionistas e ao mercado que as medidas adotadas desde a aprovação do seu plano de recuperação judicial “não foram suficientes para concretizar as perspectivas de crescimento e geração de caixa, fazendo com que os resultados realizados em 2019, e projetados para os próximos anos, ficassem abaixo das expectativas”.
Diante disso, a empresa que está sob nova direção desde janeiro resolveu colocar em prática outras medidas, aprovadas pelo Conselho de Administração em 19 de fevereiro. O primeiro pilar desse novo plano é uma gestão de abastecimento descentralizada, focada na redução de custos e com “grande envolvimento dos fornecedores”.
Outro ponto está no que a empresa chamou de “Full-Ecommerce”, que prevê a análise de rentabilidade, privilegiando menores volumes de vendas e maiores margens, e operação com equipe especializada em e-commerce.
O terceiro pilar do plano está na otimização do seu back-office, com uma nova solução de sistemas, processos e equipes. A empresa fala inclusive em terceirizar equipes operacionais.
Com essas medidas, a empresa quer ser “mais enxuta”.
Para conseguir isso, a nova administração da Saraiva propõe, dentre outras coisas, “renegociar contratos com fornecedores produtivos”, principalmente de livraria e papelaria. “Por meio de novas negociações e parcerias, principalmente em relação ao prazo de pagamento, temos a possibilidade de reduzir o impacto do capital de giro em nosso caixa”, disse a empresa no relatório.
Além disso, a Saraiva fala em reduzir as despesas de pessoal, com uma operação reduzida e ainda numa mudança de foco financeiro, que passaria da receita bruta para a margem bruta, privilegiando, portanto, a rentabilidade e não o faturamento.
Outro ponto abordado no documento é a venda de ativos fixos. Segundo está escrito ali, a empresa está em processo final de conclusão da operação de venda de um de seus ativos fixos (não revela qual), que deverá contribuir com a entrada de R$ 20 milhões no caixa. Ainda de acordo com a empresa, a conclusão da venda está prevista para os próximos meses.
A empresa abriu um capítulo especial no documento para falar sobre os impactos da pandemia de covid-19 nos seus negócios. Ali, nenhuma novidade. Com o fechamento das lojas físicas, mudou o seu enfoque para o e-commerce; colocou suas equipes em quarentena e o Centro de Distribuição e o escritório operam com equipe mínima e turnos reduzidos. Por fim, ainda sobre o coronavírus, a empresa diz que adotou iniciativas para manutenção do caixa o que inclui a revisão de despesas e renegociação de pagamentos.
2019
Voltando aos números. No acumulado do ano de 2019, a Saraiva apresentou receita bruta de R$ 697,1 milhões, queda de 55,1% em relação a 2018, quando a empresa faturou R$ 1,55 bilhão. Mesmo com o fechamento de lojas, a queda do faturamento foi sentida especialmente no canal e-commerce, que perdeu 61% das suas receitas brutas ao longo de 2018.
A companhia fechou o ano com margem bruta de 30,6%, o que representa uma melhora de 2,1 pontos percentuais na comparação com 2018. O prejuízo líquido foi de R$ 293 milhões e o Ebitda ajustado ficou negativo em R$ 177,9 milhões.
Fonte: PublishNews