15/10/2014
Por Fábio Pupo | De São Paulo
A concessionária do Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão), no Rio de Janeiro, começou recentemente uma série de apresentações (“road show”) em países da Europa e da Ásia, com objetivo de atrair novas companhias aéreas. A estratégia é posta em prática cerca de dois meses após a transição das operações da estatal Infraero para a RIOgaleão (como foi batizada a empresa), que decidiu replanejar o cronograma e o tamanho de investimentos.
Sandro Fernandes, que acumula passagens por Iguatemi e Tiffany e foi chamado para o cargo de diretor comercial da RIOgaleão, diz que a concessionária vai adiantar a construção de dois hotéis de três e quatro estrelas na área do aeroporto que estavam originalmente programados para 2021. Agora, eles devem começar a operar em 2017. “Há necessidade de ter um hotel o quanto antes. Tem uma grande demanda reprimida”, afirma. Segundo ele, esse investimento só não fica pronto para a Olimpíada pela escassez de tempo. Outra mudança é o centro de convenções, cuja capacidade deve ser ampliada – de 750 pessoas para pelo menos 1000.
A empresa decidiu pelas mudanças depois de avaliar os resultados de uma pesquisa encomenda à Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) sobre as demandas do aeroporto. O levantamento revelou, entre outros itens, que 75% dos usuários do Galeão têm ensino superior completo e uma renda mensal média superior a R$ 11 mil. “É algo de se espantar, porque fica acima da média de vários shopping centers de classe média e média alta. É um passageiro sofisticado”, afirma Fernandes.
Apesar disso, ele diz que a ideia é melhorar a chamada “experiência do passageiro” para diferentes classes sociais. “Queremos ser não só um ‘hub’ [centro de distribuição de voos] para o Brasil, mas para a América do Sul. Então buscaremos atender todo tipo de público.”
Em 2014, estão sendo investidos R$ 450 milhões no aeroporto. Está programada nesse período a reconfiguração do pátio de aeronaves para criar novas posições de estacionamento de aviões. A empresa também diz já ter feito melhorias no estacionamento – ao instalar 250 novas placas de sinalização e quatro mil novas lâmpadas, além da cobertura de mil vagas.
No terminal, serão feitas outras melhorias até dezembro – como polimento dos pisos, reparação de placas danificadas e substituição de telhas e calhas para conter infiltrações e vazamentos. Como as outras concessionárias, os banheiros (um dos itens campeões de reclamação de passageiros) também são prioridades: serão revitalizados, diz a RIOgaleão, com nova pintura de paredes, pisos e forros. Também entrarão em operação novos restaurantes, como Domino’s Pizza, Espaço Sushi e McDonald’s.
Em 2015, começa a fase de maior esforço em investimentos. Para este intervalo, estão programados R$ 1 bilhão. Em 2016, serão R$ 300 milhões – o que somará R$ 1,75 bilhão, considerando a cifra prevista para 2014. O Terminal 2 terá 26 novas pontes de embarque. O edifício-garagem terá quatro novos andares e 2,1 mil novas vagas. “Daqui até 2016, o passageiro terá muito pouco impacto”, diz Fernandes sobre as obras – que serão executadas pela Construtora Norberto Odebrecht e MPE. A concessionária também estuda, diz, investir em meios de transporte para facilitar o acesso ao Galeão – mas a análise ainda é inicial.
Segundo Fernandes, a empresa pretende atrair mais voos de Gol, TAM, Azul e Avianca e, com isso, aumentar a atratividade do aeroporto para companhias estrangeiras, devido ao possível maior número de conexões com outras cidades no Brasil. “Houve um encolhimento no aeroporto das companhias aéreas brasileiras com o passar do tempo. Estamos atraindo elas de volta.”
“Estamos negociando com todas as grandes companhias aéreas [internacionais], todas. Nós fomos muito bem recebidos no nosso ‘road show’. É como um dos executivos disse: ‘o mundo está de olho no Rio'”, afirma.
Recentemente, foi aberta uma nova rota Cidade do México – Rio de Janeiro, da Aeroméxico (iniciada em junho); e os voos diretos da Air Canada, com a rota Toronto – Rio de Janeiro (a partir de dezembro).
A RIOgaleão tem como acionistas controladores a Odebrecht TransPort e a Changi – que opera o melhor aeroporto do mundo (segundo a revista Skytrax), o de Cingapura. Fernandes diz que a concessionária colocará Galeão não como o melhor, mas pelo menos entre os 25 melhores do mundo. “Eu não preciso ter uma Ferrari, eu preciso ter um Corolla. Quem já tem, sempre quer ter, porque não dá problema e a relação custo benefício é ótima”, afirma.