Apresentado ontem numa coletiva à imprensa, o novo presidente do Dia Brasil, Marcelo Maia, afirmou que a rede vai trabalhar com “alguns produtos” da indústria tradicional, mas tornará a marca própria a principal base do sortimento – não apenas mais uma opção de compra.
Embora não tenha apontado as metas para participação da marca própria nas gôndolas, acenou que pode chegar a 50% e, em algum momento no futuro, a 80% ou 90%, como acontece na Europa.
“Estamos desenvolvendo muitos fornecedores e definindo tudo: da composição do produto à embalagem e à forma de armazenagem.
No 2º semestre, o Dia entra forte com muitos itens reformulados, além de novos produtos”.
O executivo acrescentou que a rede tem hoje um entendimento de quais produtos fazem sentido para cada localidade e quais são os itens mais apropriados para o formato proximidade. Essa inteligência, na opinião dele, melhorará a percepção do brasileiro sobre marca própria, hoje associada à baixa qualidade.
Maia desconversou sobre posicionamento de preço ou se a empresa manterá a estratégia discount ou hard discount. Segundo ele, alguns produtos de marca própria “terão preço mais interessante, outros, maior qualidade”.
O novo presidente também desconversou sobre os resultados da rede (no vermelho até últimos dados divulgados pela matriz). Preferiu não revelar investimentos ou planos de expansão.
No ano passado, 300 filiais foram fechadas, a maioria de franqueados, e 42 abriram as portas: renovadas ou inauguradas. “São lojas-teste de diferentes modelos: maiores, mais sofisticadas, mais simples. Ainda não rodaram o suficiente para tirarmos conclusões”, destacou.
Franquias não serão excluídas da operação
Das 900 unidades hoje em atividade, 350 são franqueadas e 550 são da própria bandeira Dia. Isso não significa, segundo Maia, que a empresa pretende eliminar as franquias. “As duas operações têm prós e contras e a questão é extrair o melhor de cada uma”, defendeu “Vamos continuar casados com a franquia”. Maia já atuou como CEO da Associação Brasileira de Franchinsig.
Paraibano, o novo presidente do Dia foi um dos donos das Lojas Maia, vendidas ao Magazine Luiza em 2010. Eram 150 unidades em nove Estados do Nordeste. Por três anos, atuou no próprio Magazine para fazer a integração das empresas e, entre 2015 e 2017, foi o responsável pela Secretaria Nacional de Comércio e Serviço do Governo Federal.
Fez mestrado em varejo na London Business School, quando se aproximou do fundo de investimentos Letter One, atual dono do grupo Dia, com 69% de participação.
Trabalhou como Control Advisor do Dia, até ser escolhido como novo presidente, em substituição ao croata Marin Dokozic, cuja transitoriedade no cargo já estava definida.
Ao que tudo indica, a rede queria um executivo brasileiro (conhecedor do mercado local), experiente no varejo e na Região Nordeste.
Fonte: S. A. Varejo