O varejo restrito fechou 2019 com crescimento de 1,8% no volume de vendas. Com o resultado, o setor encerra o terceiro ano consecutivo com taxas positivas, segundo o IBGE.
O resultado do varejo ampliado, que leva em consideração as atividades de veículos, motos, partes e peças e materiais de construção, foi ainda melhor: houve crescimento de 3,9%.
Em dezembro, mês mais importante para o setor, as vendas cresceram 4,1% na comparação com o mesmo período de 2018.
Altamiro Carvalho, assessor econômico da FecomercioSP, atribui a série de resultados positivos a melhoras nas taxas de desemprego e inflação, além de crédito mais barato por causa do juro baixo.
Na sexta-feira (14), o IBGE divulgou Pnad contínua, que mostrou diminuição na taxa de desocupação. No quarto trimestre do ano passado o indicador ficou em 11%. No quarto trimestre de 2018 a taxa de desemprego estava em 11,6%.
A inflação oficial de 2019, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), fechou o ano de 2019 em 4,31%, acima da meta de 4,25% estipulada pelo Banco Central. Janeiro, porém, registrou o menor resultado para o mês desde o início do Plano Real: 0,21%.
A Selic, taxa básica de juros, atingiu seu menor patamar histórico. No começo do mês o Banco Central cortou a Selic de 4,50% para 4,25%.
Otimismo para 2020
Para Carvalho, da FecomercioSP, a tendência é que o varejo continue crescendo neste ano:
“Nossa expectativa é que as vendas continuem em crescimento em 2020. A tendência é que este seja um ano ainda melhor para o comércio, o que impacta outras atividades: o setor de serviços está indo bem, a indústria já começou a religar as máquinas. Tudo isso pode ter um impacto positivo sobre o emprego.”
“A presença de recurso livre adicional devido a liberação dos saques nas contas do FGTS a partir do mês de setembro e a melhoria na concessão de crédito à pessoa física são alguns fatores que podem ter influenciado esse resultado no segundo semestre. O comércio ainda não se recuperou totalmente da crise de 2015 e 2016, mas está em seu momento mais elevado desde outubro de 2014”, explica Isabella Nunes, gerente da Pesquisa Mensal do Comércio.
Recomendações
Carvalho explica que os empresário precisam manter a serenidade nos investimentos, ainda que o cenário cause otimismo. “É preciso administrar o estoque com cautela para evitar endividamento e fazer o estoque gerar mais rápido com promoções”.
A orientação da FecomercioSP é que os varejistas comecem a negociar com seus fornecedores o mais cedo possível. Assim, os comerciantes devem conseguir prazos, formas de pagamento e preços mais confortáveis para alavancar a margem.
A Federação ainda alerta para a importância de estar atento ao cenário econômico no Brasil. A Reforma Tributária deve entrar na pauta do Congresso em 2020 e os varejistas devem acompanhar a tramitação do projeto.
E-commerce
O ano deve ser bom para quem usa a internet como canal de venda. Pela primeira vez o faturamento do e-commerce brasileiro deve ultrapassar a casa dos R$ 100 bilhões, projeta a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABcOMM). A estimativa é que as vendas online movimentem R$ 106 bilhões, o que representaria um crescimento de 18% na comparação com 2019.
Os marketplaces, as microempresas e as compras feitas via smartphones devem puxar o resultado positivo. Os consumidores devem gastar, em média, R$ 310 por compra em 342 milhões de pedidos, projeta a entidade.
Os marketplaces deverão ser responsáveis por 38% das transações. As compras feitas em smartphones devem representar 37% de todas as vendas.
Mauricio Salvador, presidente da ABComm, atribui à aprovação do Projeto de Lei Complementar 148/2019, que trata da multicanalidade, otimismo com um resultado ainda melhor. “Caso esse projeto seja aprovado no primeiro semestre, o crescimento no faturamento será ainda mais expressivo.”
Fonte: Consumidor Moderno