O GPA, dono de varejistas como Extra e Pão de Açúcar, publicou dados de vendas do quarto trimestre ontem, com números do braço de supermercados e hipermercados abaixo do esperado por alguns analistas. O aspecto positivo principal foi o desempenho de minimercados e do Assaí, apesar da desaceleração na taxa de expansão desse último.
A rede de atacarejo Assaí responde por 51% das vendas anuais e os negócios de varejo, 49%. No acumulado de 2019, o GPA cresceu 10,3% em vendas brutas para R$ 59,13 bilhões.
O Assaí sustentou novamente essa alta anual, ao crescer 21,9%, e os supermercados e hipermercados praticamente não se expandiram — o avanço foi de 0,2%, versus alta de 1,1% no ano anterior. O negócio de varejo passa por reestruturação desde 2014, iniciada com mudanças nos hipermercados.
As ações PN do grupo na bolsa chegaram a cair 2% ontem no início da tarde, a quarta maior queda do Ibovespa, mas o papel fechou o pregão com recuo menor, de 1,44% — o Carrefour recuou 2,35%.
No quarto trimestre, a receita bruta do GPA subiu 8,4%, para R$ 16,5 bilhões, 2% acima da previsão do banco BTG Pactual e em linha com o estimado pela XP Investimentos.
“Em termos de desempenho de vendas ‘mesmas lojas’ [abertas há mais de 12 meses], o destaque positivo [no trimestre] veio mais uma vez do formato de loja de proximidade [minimercados] e do Extra Super, enquanto a bandeira Pão de Açúcar e o Extra Hiper foram os destaques negativos”, disse Luiz Guanais, analista do BTG Pactual.
O supermercado Pão de Açúcar vem sendo reformado para tentar retomar crescimento no formato de lojas mais antigas.
Em relação ao braço atacarejo, de outubro a dezembro, houve alta de 19,7% nas vendas brutas e de 3,9% nas “mesmas lojas” — número avaliado como positivo pelos analistas, apesar da desaceleração em relação aos anos anteriores.
Para o período do quarto trimestre, é a menor taxa de expansão de vendas “mesmas lojas” do Assaí dos últimos dois anos.
A despeito disso, os analistas entendem que o fato de a marca Assaí ter ganhado participação de mercado no fim do ano, como diz o GPA no relatório, sinaliza que a rede pode ter tido melhor resultado que os concorrentes.
No braço de supermercados e hipermercados, ao se descontar os efeitos de uma reorganização dos negócios (reformas), as vendas encolheram 1,4% no quarto trimestre (caem 2% se não descontar esse impacto). O período é o mais forte do ano, com Natal e Black Friday.
O grupo tem reformado pontos e transformado unidades do Extra Super em Compre Bem e em Minimercado Extra, além de Extra Hiper em Assaí. Esse processo impactou em cerca de 0,6 ponto percentual as vendas no trimestre. Apesar disso, a empresa diz que “o projeto de transformação do portfólio de lojas segue apresentando performance consistente e expressiva”.
O Valor apurou com dois analistas de bancos que há uma expectativa de que o braço de varejo do Carrefour tenha tido crescimento mais acelerado que o GPA no quarto trimestre, após ações comerciais agressivas da empresa no período. Mas, se isso se confirmar, pode haver um efeito sobre a margem do Carrefour no varejo. As vendas do Carrefour serão publicadas no dia 22.
Fonte: Valor Econômico