A gestora Vinci Partners e o Burger King estão no páreo para a aquisição da rede de restaurantes Outback no Brasil, apurou o Valor. As negociações ainda estão em estágio preliminar, segundo uma fonte. A IMC, dona da rede Frango Assado, pode abrir uma negociação caso consiga um sócio ou parceiro.
Procurada, a Outback, controlada pela Bloomin’Brands, respondeu por nota: “Reiteramos que em 6 de novembro de 2019, o CEO da Bloomin’Brands, David Deno, anunciou que contratou o BofA Securities, Inc. para analisar diversas possibilidades, opções estratégicas e alternativas para gerar valor ainda maior para as ações das marcas do grupo globalmente. A Bloomin’Brands informa que verifica cada uma das sugestões estrategicamente com o objetivo de maximizar retorno para seus acionistas. A companhia reforça a importância da operação no Brasil e informa que o plano de expansão local de suas marcas já está confirmado com um forte crescimento de cerca de 12% no número de unidades em 2020.”
As demais empresas não se manifestaram.
A Bloomin’Brands já definiu que quer receber em dinheiro e não aceita troca de ações com o novo dono. Também já está claro que, além das 100 unidades do Outback, quem avançar num acordo terá que ficar com a rede Abbraccio, com 12 pontos e foco em comida italiana, e uma unidade da “steakhouse” Fleming’s – ambas operações menores, de baixa escala.
O Valor noticiou no início de dezembro que o Outback estava à venda no Brasil.
Caso avance num acordo, a Vinci teria disponível recursos para assumir a operação. O fundo de private equity VCP III, que já tem na carteira a rede de pizzaria Domino’s e o laboratório Cura, concluiu uma captação de R$ 4 bilhões em 2019. E ainda dispõe de capital líquido de cerca de R$ 2,8 bilhões livre para investimento, segundo informações no site da gestora.
Em relação ao Burger King, os primeiros contatos ocorreram por meio de representantes locais, mas uma negociação já tem o aval dos controladores da Restaurant Brands International (RBI), maior acionista da BK Brasil.
Em novembro, o comando da BK Brasil disse em teleconferência que pode abrir novas redes no país, mesmo que não façam parte do portfólio da RBI. A Burger King Corporation tem atualmente 9,8% do Burger King no Brasil. A Corporation pertence à RBI.
A Vinci também tem participação na BK Brasil, e já foi a maior sócia da empresa até dois anos atrás, mas reduziu gradativamente sua posição e hoje é minoritária, com 7,7% da empresa. Um eventual acordo entre a gestora e o Outback não teria relação com o investimento na BK Brasil, que está no portfólio do fundo II (Vinci Capital Partners II B FIP Multiestratégia).
Além dessas empresas, o Valor apurou que a IMC, que se associou no ano passado ao grupo MultiQSR (Pizza Hut e KFC), estuda se associar a um parceiro para conseguir avançar num acordo com o Outback. A IMC não deve sinalizar interesse aos vendedores sem que isso avance – um novo sócio, como um fundo, faria um aporte na IMC para essa compra, diz fonte.
A operação brasileira do Outback cresce acima da média mundial da rede de restaurantes americana, mas o resultado final ainda fica aquém do projetado, diz uma fonte. As margens continuariam pressionadas por altos custos.
Somadas, todas as marcas da Bloomin’Brands no país faturaram R$ 1,4 bilhão em 2018. De janeiro a setembro, as vendas “mesmas lojas” (de pontos em operação há mais de 18 meses) subiram 6% no Brasil, versus queda de quase 3% um ano atrás. Mas a margem de lucro antes de juros impostos, amortização e depreciação está em um dígito – ficou em 7,9% em 2018, diz uma fonte.
A Bloomin’Brands tem cerca de 1,5 mil restaurantes de diversas marcas em cerca de 20 países e vendas anuais de US$ 4 bilhões.
Fonte: Valor Econômico