O envelhecimento da população brasileira tem gerado um grande impacto sobre as políticas públicas e para as empresas privadas uma série de novos negócios.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem 29,6 milhões de pessoas acima de 60 anos (marca inicialmente prevista para se alcançar somente em 2025), o que corresponde a mais 14,3% da nossa população, número que aumentou 18,8% nos últimos quatro anos. Até 2050, a terceira idade representará 30% dos brasileiros e, em 2060, o percentual será maior do que de jovens.
Sempre atento às tendências de mercado, o setor de franchising também já voltou os olhos para esse público que, além de cada vez mais numeroso, exige produtos e serviços específicos e sabe valorizar o seu dinheiro, buscando qualidade e preço justo, isso sem falar em comodidade e responsabilidade ambiental e social das marcas.
Pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pelo portal de educação financeira Meu Bolso Feliz constatou que 16% dos idosos dão preferência a marcas premium; 40% fazem exercícios semanalmente; 20% associam as compras a uma atividade de lazer; são responsáveis por 10% do varejo físico e 50% do varejo virtual. No entanto, 45% sentem dificuldades para encontrar produtos adequados para sua idade.
Para o sócio da Kick Off Consultores e ex-diretor de inteligência da Associação Brasileira de Franchising (ABF), Claudio Tieghi, as franquias não estão se voltando para os idosos apenas como consumidores, mas também como parceiros comerciais. Se até o final da década de 1990 era comum as franqueadoras só aceitarem novos franqueados com até 55 anos agora esse tipo de critério de corte não existe mais.
“É claro que se observará sempre o perfil do candidato e a sua disposição para o trabalho inerente ao negócio, mas tudo isso mudou muito, dado que a realidade da aposentadoria dos executivos de grandes empresas tem sido postergada e o interesse por empreendedorismo vem chegando mais tarde também. Com a adoção de um estilo de vida mais saudável e o auxílio da tecnologia em serviços de saúde, chegam para o franchising candidatos não só mais experientes, mas com vitalidade, interesse em crescer pessoal e profissionalmente, buscando um propósito nas marcas que seja compatível com o seu e, além de tudo, mais capitalizados e conscientes do que é empreender no Brasil”, explica Tieghi.
Mercado mineiro – Ainda segundo o IBGE, em Minas Gerais o fenômeno terá velocidade ainda maior. Em 15 anos a quantidade de mineiros maiores de 65 anos vai ultrapassar o contingente de menores de 15 anos. O estudo aponta que a população brasileira começará a recuar em 30 anos. No Estado bastarão pouco mais de duas décadas para que esse processo se concretize.
Por isso as franquias que se dedicam a essa faixa etária se voltam cada vez mais para Minas Gerais. Criada em 2014 no Rio Grande do Norte, a rede de cuidadores Cuidare tem, das suas 71 unidades, seis em Minas Gerais: Uberlândia (Triângulo), Juiz de Fora (Zona da Mata), Ipatinga (Vale do Aço), Nova Lima e Betim (Região Metropolitana de Belo Horizonte), além da Capital. De acordo com a fundadora da Cuidare, Izabelly Miranda, a expectativa para 2020 é fechar o ano com o dobro de unidades em território mineiro. O investimento total médio para abertura de uma unidade fica entre R$ 25 mil e R$ 38 mil. Cidades acima de 70 mil habitantes estão no foco da expansão da rede.
“Escolhi atender esse público por ver, como enfermeira, as dificuldades enfrentadas pelas famílias. Meu objetivo é oferecer tratamento humanizado e fazer diferença na vida das pessoas. Para manter o padrão de atendimento, depois de uma seleção rigorosa de candidatos a franqueado, fazemos um treinamento forte e mantemos um suporte técnico à disposição. Além disso, fazemos um acompanhamento permanente e próximo com técnica como consumidor oculto, por exemplo”, explica Izabelly Miranda.
Já a rede de escolas Ginástica do Cérebro tem quatro unidades no Estado: Belo Horizonte, Itajubá (Sul de Minas), Juiz de Fora (Zona da Mata) e São João del-Rei (Campo das Vertentes). No Brasil são 23 unidades no total, espalhadas por 10 estados. A Ginástica do Cérebro tem o objetivo de potencializar as capacidades cognitivas e emocionais das pessoas por meio da neuroaprendizagem.
Segundo a fundadora da rede Ginástica do Cérebro, Nádia Benitez, a meta é inaugurar, pelo menos, mais dez unidades no Estado ao longo de 2020. A próxima inauguração já está prevista para janeiro em Elói Mendes, cidade no Sul de Minas, com 28 mil habitantes, segundo projeção do IBGE, para 2019.
Para atender as cidades com até 25 mil habitantes foi criado um modelo de negócio específico com investimento total médio de R$ 28 mil. “A ideia de atender os idosos veio junto com o desenvolvimento da metodologia, exatamente por não existir nada específico para esse público. Hoje uma pessoa com 60 nem é mais considerada idosa. A partir dessa idade ela quer um outro jeito de viver e para isso tem que ter cuidados com o cérebro. Temos materiais específicos para eles”, pontua Nádia Benitez.
Fonte: Diário do Comércio