Fundada em 1988, a varejista Casa & Vídeo chegou a ter cerca de 6 mil empregados e 77 lojas espalhadas por três Estados antes de entrar em recuperação judicial, em fevereiro de 2009. Dez anos depois, sob uma nova gestão, a rede de produtos para casa e eletrônicos tem quase 30% mais unidades e prepara sua volta ao mercado de Minas Gerais, com a abertura de lojas em Juiz de Fora e Belo Horizonte. A meta é chegar ao fim do ano com pelo menos 107 lojas abertas, considerando os contratos de aluguel já assinados.
“O pilar logístico vai continuar a ser importante para determinar a abertura de lojas, nossa expansão geográfica”, disse o presidente da Casa & Vídeo, Ivo Benderoth. A varejista conta com apenas um centro de distribuição em Queimados (RJ), na Baixada Fluminense, o que dificulta a atuação para além dos limites do Sudeste. O Rio de Janeiro ainda reúne a maior parte das lojas da marca. São 94 no Estado, ante três unidades em São Paulo e mais três no Espírito Santo. A empresa atingiu esta semana a marca de cem lojas em funcionamento.
A ampliação do número de pontos de venda (em 2017 eram 92 lojas) ajudou a empresa a avançar em termos de participação de mercado no Rio de Janeiro. Afonso Mendes, diretor de marketing e planejamento comercial da Casa & Vídeo, cita números da empresa de pesquisas de mercado GfK para atestar o aumento. Na primeira metade de 2017, a fatia da empresa no varejo do Rio de Janeiro, considerando apenas as categorias em que a Casa & Vídeo atua, era de 6%, segundo Mendes. Esse percentual subiu para 6,6% nos primeiros seis meses de 2018 e para 7,1% em igual período deste ano.
O avanço da empresa fluminense também aparece nos dados compilados pela empresa de pesquisa de mercado Euromonitor International. Em termos nacionais, a Casa & Vídeo ocupava no ano passado a oitava posição no ranking das maiores varejistas do segmento de eletrônicos e eletrodomésticos, com uma participação de 1,8%. Em 2017, essa fatia estava em 1,7%. O segmento movimentou R$ 73,6 bilhões no ano passado, de acordo com a Euromonitor.
Como parte da ofensiva para ganhar mercado, a varejista lançou em dezembro de 2018 um cartão com sua marca (“private label”). O objetivo é consolidar o uso do cartão entre os clientes ao longo deste ano. Além de enfatizar a facilidade de parcelamento das compras, a Casa & Vídeo vai desenhar ofertas específicas para os detentores do plástico.
Benderoth afirma ainda que vai investir no comércio eletrônico, mas não a ponto desse canal de vendas se tornar o principal da Casa & Vídeo. A ideia é complementar no site da marca a oferta de produtos das lojas físicas, aumentando a comodidade para o cliente e reduzindo a necessidade de estoque, acrescenta Mendes.
A estratégia de expansão física da rede está calcada em lojas próprias. “Nossa operação é toda própria. O sistema de franquias não está no radar”, diz Benderoth. No cargo há pouco mais de um ano, o executivo baiano, de 42 anos, acumula duas passagens pela multinacional chilena Cencosud, na qual trabalhou por mais dez anos. No Brasil, a Cencosud controla as bandeiras de supermercados GBarbosa, Prezunic e Bretas, entre outras. Benderoth trabalhou também no Magazine Luiza.
Entre 2015 e 2017, a Casa & Vídeo enxugou 30% dos seus custos fixos, como consequência direta da derrocada da economia do Rio de Janeiro. O quadro de funcionários, que antes da crise estava 3,5 mil, diminuiu para 2,6 mil no ano passado. Hoje, está em torno de 2,4 mil — 60% menos do que os 6 mil empregados que a rede varejista chegou a ter antes do processo de recuperação judicial.
Controlada desde 2011 pela gestora Polo Capital, a Casa & Vídeo nasceu do processo de recuperação judicial da Mobilitá Comércio Indústria e Representações, que detinha a marca. A nova Casa & Vídeo herdou a obrigação de honrar o pagamento dos credores. Segundo a empresa, isso vem sendo feito dentro do cronograma e das regras estipuladas no plano de recuperação judicial aprovado em setembro de 2009. Naquele mesmo ano, o advogado Fabio Carvalho comprou o controle da varejista por um valor simbólico.
Carvalho permaneceu na presidência da Casa & Vídeo até fevereiro de 2016. Em abril deste ano, assumiu o comando do Grupo Abril, que publica revistas como “Veja” e “Exame”, após comprar seu controle também por valor simbólico. A Abril está em recuperação judicial desde agosto de 2018.
Fonte: Valor Econômico