Calvin Klein encerra a linha de alta-costura, fortalece sua produção de jeans e roupas íntimas e investe em influenciadores digitais para divulgar a marca
A Calvin Klein, grife controlada pelo conglomerado Phillips Van Heusen (PVH), começa a se distanciar do mercado de luxo. No passado, o grupo era presença obrigatória nas principais semanas de moda do mundo e conquistava celebridades como Meghan Marke, duquesa de Sussex. No início desse ano, porém, a marca anunciou o fechamento da linha de alta-costura Calvin Klein 205W39NYC, que estava sob o comando do diretor criativo Raf Simons, ex-Christian Dior.
Simons foi contratado em 2016 para reformular o segmento, mas suas criações não agradaram aos executivos. No terceiro trimestre de 2018, os lucros da Calvin Klein caíram para US$ 121 milhões, em comparação aos US$ 142 milhões no mesmo período do ano anterior. O objetivo agora é fortalecer o segmento premium, com foco nas linhas de jeans e roupas íntimas. Esse movimento também acontece no Brasil.
No país desde 2005, a marca alcançou 100 lojas e mais de dois mil pontos de venda. Essa pulverização ajudou a popularizar a Calvin Klein. No ano passado, a grife abriu sua primeira loja conceito no País. O espaço de 700 m² fica na Oscar Freire, espécie de “Rodeo Drive” da capital paulista. “Com as mudanças na maneira de se fazer marketing, sentimos a necessidade de abrir um espaço para comunicar a marca com os influenciadores”, diz Fabio Vasconcellos, CEO do grupo PVH no Brasil. O investimento em celebridades digitais é, aliás, uma das prioridades do grupo. “Não somos um produto de luxo, somos aquilo que o consumidor enxerga. E ele nos enxerga como um produto premium”, complementa Vasconcellos.
Duas lojas nos mesmos moldes da paulistana foram inauguradas recentemente em Brasília e Recife, no shopping RioMar. “O Nordeste sempre foi um mercado muito importante para a marca, não apenas em termos financeiros, mas, principalmente, na moda. um público dinâmico e consciente, que entende nosso produto”,diz Fabio. “Poucas marcas internacionais conseguem acessar o nordeste como a Calvin Klein.” Apesar de 2018 não ter sido um ano dos melhores, a Calvin Klein fechou com US$ 9,8 bilhões em vendas.
NOVAS MARCAS
Mas nem só de Calvin Klein vive o Grupo PVH, que tem receita global de US$ 9,7 bilhões — e também controla a Tommy Hilfiger, além de outras oito marcas. Este ano, o conglomerado trouxe para o Brasil a Izod e a Van Heusen. Ambas serão 100% operadas pelo grupo controlador, sem intermediários, como já acontece com a Calvin Klein. A Tommy Hilfiger, por sua vez, segue sob a chancela da Inbrands, holding detentora de marcas como Ellus, Richards e Alexandre Herchcovitch.
“Eu não diria que esse modelo de operação própria é o mais rentável, mas é o mais estratégico”, diz Vasconcellos. A Izod é conhecida pelas suas roupas esportivas e informais. Já a Van Heusen, pelas camisas clássicas bem ao gosto de executivos antenados. “Eles estão ampliando o mercado de atuação para atender a um público maior”, diz Alessandra Andrade, coordenadora do centro de empreendedorismo da FAAP e do curso Lifestyle Brands Management. “É uma forma de gerar mais resultados sem canibalizar as outras marcas do grupo, como a Calvin Klein.”
Até agora foram abertas apenas duas lojas da Izod, ambas em formato outlet, onde também são vendidas peças da Van Heusen. “São duas marcas tipicamente americanas com custo-benefício justo, e ambas têm todos os predicados para estourar no Brasil”, afirma Fabio Vasconcellos. “O Brasil está entre as maiores economias do mundo e continuamos investindo aqui porque acreditamos no potencial do País”.
Fonte: Istoé Dinheiro