As redes de franquias estão acelerando o movimento de expansão para cidades do interior com objetivo de ganhar maior capilaridade no território nacional, elevar as vendas e atuar em regiões com custos operacionais menores. Mas enfrentam o desafio de se adaptar à cultura local e buscar mão de obra qualificada.
“A ABF [Associação Brasileira de Franchising] esse movimento começou há pelo menos quatro anos. O que podemos afirmar com toda a certeza é que isso já passou de uma simples tendência para algo que faz parte da estratégia do sistema de franquias. Registramos não apenas o aumento no número de unidades no interior do País, mas também o surgimento de outras marcas nessas regiões”, afirmou a gerente de inteligência de mercado da ABF, Vanessa Bretas.
Segundo o último balanço realizado pela entidade no segundo trimestre de 2018, a Região Centro-Oeste passou de 7,5%, em 2017, para 8,5% no ano passado em termos de participação no setor de franquias como um todo.
Na mesma base de comparação, o mesmo movimento se deu em regiões como a Sul, que saiu de 9,4% para 9,7%; e também no Norte do País, saltando de 4,9% para 5,3%. Já o Sudeste e o Nordeste, por sua vez, perderam representatividade caindo para 56,8% e 13,6%, respectivamente.
Segundo Vanessa, o movimento também pode ser visto como uma saída das grandes franqueadoras para crescer, “tendo em vista que a concorrência nesses locais muitas vezes é bem menor e os custos fixos são inferiores”.
“Acreditamos que esse processo de expansão ocorre tanto por parte das empresas como também pelos consumi-dores que habitam nessas regiões. As demandas por marcas cresceu”, complementou a dirigente da entidade.
Na mesma perspectiva traçada por Vanessa, uma das redes de franquia que tem identificado uma oportunidade nessas cidades é a iGUI – especializada na comercialização de piscinas e serviços de tratamento de água. “Percebemos que grande parte da nossa presença no interior ocorre devido à compra de chácaras e casa de campo de pessoas que moram em grandes centros urbanos. Nesses locais menos populosos, por exemplo, existe maior espaço urbano e consequentemente o comércio de piscinas grandes é bem mais comum”, afirmou o gerente executivo de expansão da rede, Tiago Araújo, ressaltando que existe expectativa de crescimento de 10% de faturamento, atingindo R$ 500 milhões.
Com o aumento dessa presença no interior do Brasil, a rede criou uma outra franquia especializada no tratamento de piscinas, nomeada como Tratabem. “Atualmente nos temos 190 unidades. Desse total, cerca de 70% está localizado em cidades do interior, sendo que vemos esse percentual aumentar de forma gradual no médio a longo prazo”, afirmou a diretora de franquias da rede, Lilian Marques.
Segundo ela, a dificuldade para encontrar mão de obra qualificada é uma realidade, o que fez com que a rede apostasse em programas de capacitação e profissionalização na limpeza de piscinas e vendas no interior do País. “Como nosso foco é a limpeza de piscinas e venda de produtos ligados a esse segmento, é fundamental que o serviço seja feito de forma correta e padronizada em todo o Brasil. Por isso, ocorrem treinamentos três vezes por mês com os colaboradores de cada franquia”, argumentou a diretora.
Outro exemplo de franquia com evolução na abertura de unidades em cidades pequenas é a rede de alimentação Fast Açaí. “Uma das nossas preocupações nesse movimento foi justamente a checagem de controle de qualidade dentro das nossas operações. Por isso, passamos a ter nossa fábrica própria. Para este ano, a expectativa de faturamento é de R$ 60 milhões”, afirmou o diretor da franqueadora, Pedro Alina, destacando que a unidade com o melhor desempenho da rede fica em Santa Maria, no Rio Grande do Sul.
Fonte: DCI