A anunciada fusão entre a Aliansce Shopping Centers e a Sonae Sierra Brasil é positiva para o setor, avalia Thiago Lima, CEO da Saphyr Shopping Centers. Segundo o executivo, esse tipo de movimento tende a proporcionar ganhos de sinergia ao mercado e, para as duas empresas envolvidas, também maior liquidez das ações e abrangência de atuação.
“Na área de M&A [fusões e aquisições, na sigla em inglês] do segmento, sempre vimos mais ‘A’ do que ‘M’. Fusões como essas trazem mais eficiência à indústria. Isso é bom para o mercado, que no Brasil ainda é de certa forma pouco concentrado. Se juntarmos as oito principais companhias de shopping, não somam nem 25% do mercado, ao passo que lá fora essa concentração está próxima de 70%”, afirma Lima. “Creio que outros movimentos [nesse sentido] podem acontecer”, completa.
Em conversa com a equipe de reportagem do GRI Hub durante o GRI Shopping & Retail Brasil 2019, Thiago Lima também comentou que vê o mercado em compasso de espera, aguardando visibilidade mais longa dos rumos da economia, especialmente por conta da indefinição do ritmo de aprovação da agenda de reformas – sobretudo a da Previdência. Destravar investimentos dos players já presentes no País e atrair novo capital estrangeiro dependem do desenrolar desse macroquadro, lembra ele.
“Nossa visão se define por um otimismo cauteloso. Estamos nesse mesmo compasso, com alguns investimentos que ainda estão travados e, ao mesmo tempo, trabalhando para desenvolver os ativos que compramos recentemente – três ativos, somando mais de R$ 800 milhões”, diz.
Por outro lado, Lima destaca o cenário de juros baixos como elemento favorável. “Isso diz muita coisa. Por exemplo, o mercado de fundos imobiliários, que fomenta o crescimento do setor, está num momento muito positivo, de triplicação do número de cotistas.”
Mudança de mindset: foco passa a ser o consumidor
Thiago Lima destaca o esforço que a Saphyr tem feito em termos de busca de inovações para seu negócio, inclusive com a criação de uma diretoria focada em gestão da inovação. “O fato de estar diretamente ligada a mim e ser uma agenda muito recorrente dentro da companhia, permeada em todos os seus níveis, demonstra o nível de importância que damos a isso. Trata-se de pensar o business de longo termo e talvez até no curto prazo”, indica.
Ele entende que o presente processo de transformação digital aporta ao negócio de shoppings uma mentalidade maior de varejo. “Shopping é um híbrido entre real estate e varejo. O movimento disruptivo dentro da indústria está batendo na porta do varejo muito mais forte do que do lado de real estate. Então, pensar em inovação é, ao mesmo tempo, mudar o mindset da companhia para o consumidor, deixar de ser tenant oriented [orientado aos ocupantes, os lojistas] para ser consumer centric [centrado no consumidor].”
Fonte: GRIHub