Desde o fim do ano passado, o Carrefour passa por uma transformação que vai durar até 2021. O principal objetivo do projeto é tornar a rede supermercadista uma empresa completamente digital. Em paralelo, a marca toca o Act for Food, movimento para democratizar a alimentação saudável nos países onde a rede atua.
Segundo a Conselho Brasileiro de Produção Orgânica Sustentável (Organis), 62% dos brasileiros consumiriam mais produtos orgânicos se os preços fossem mais acessíveis. A Organis afirma que apenas 15% da população urbana consome produtos orgânicos regularmente. A variação de preços entre os orgânicos e produtos que usam agrotóxicos ainda é enorme. Para mudar essa realidade, o Carrefour aposta em intermediários, trabalhando em parceria com os produtores para desenvolver novas formas de cultivo.
A linha de produtos da Sabor & Qualidade, que pertence ao grupo, mostra como a rede consegue produtos de qualidade superior com preço competitivo. A marca própria tem em seu portfólio alguns tipos de uva, manga, mamão e banana, última fruta a integrar o mix de produtos da linha.
Não à toa faz justamente o que o Carrefour comunica como seu principal objetivo: democratiza o alimento saudável. Na gôndola, o preço da banana com o selo Sabor & Qualidade, produzida de maneira sustentável, é o mesmo das frutas que não têm o selo da marca Carrefour.
Parceria certeira
Para ter esse resultado, o Carrefour investiu no relacionamento com o produtor. A empresa tem uma parceria de 12 anos com a Bananas Corrêa e no ano passado decidiu ajudar a produtora a desenvolver um processo que usa menos agrotóxicos e, consequentemente, é mais sustentável e saudável.
A Bananas Corrêa destina uma das quatro áreas de produção ao Carrefour. Nesse espaço, utiliza um fungicida natural, evita a pulverização aérea contra pragas e não usa produtos químicos depois da colheita. Nas outras áreas, porém, a empresa adota técnicas que aumentam os riscos de contaminação de solos, mananciais e rios, além de não evitar que a fruta permaneça com um residual dos defensivos agrícolas.
Para convencer a produtora a adotar as técnicas menos agressivas de controle de pragas, o Carrefour decidiu absorver os custos da produção, já que a expectativa era que o esforço custaria caro à Bananas Corrêa. Na negociação para dar um salto de qualidade na produção, o Carrefour se dispôs a pagar até 10% a mais pelas bananas.
Marcelo Prado, diretor comercial nacional do Carrefour e responsável por frutas e legumes no Brasil, explica que a produtora aprendeu com a operação e doze meses depois do início da produção com o selo Sabor & Qualidade o custo é o mesmo em comparação com as frutas produzidas de maneira tradicional, com o uso de pulverização aérea, fungicidas químicos e produtos químicos após a colheita.
“Não pagamos a mais para eles porque não tem necessidade. Você tem os custos da capacitação, mas economiza com a pulverização aérea, que é caríssima. Timorex natural (fungicida) é mais caro, mas ele aplicava 52 vezes ao ano e hoje aplica apenas duas vezes”, diz Prado. O executivo ainda explica que o produtor aprendeu que poderia colocar mais bananeiras em uma área menor e que isso ajudava no controle de pragas.
Até o fim de julho, 33 lojas do Carrefour no estado de São Paulo serão abastecidas com as frutas da Bananas Corrêa. Serão 60 unidades até o fim deste ano.
A gigante varejista fez o mesmo processo com outras 16 produtoras, que fornecem uva, manga, mamão e laranja e coloca essas frutas produzidas de maneira sustentável nas gôndolas com o mesmo preço dos produtos convencionais. “Essa produção passa por demonstrar a outros produtores que é possível fazer”, diz Prado. “A premissa do Carrefour é trabalhar e chegar o mais perto possível do produtor local”, completa.
Fonte: Novarejo