O crédito bancário restrito e a renda escassa da população têm aumentado a demanda por cartões de marca própria com bandeira. A expectativa é de que o produto alcance um crescimento superior a 16%, avanço previsto para o mercado total de cartões em 2019.
O movimento vem impulsionado, principalmente, pelo maior poder de compra que os plásticos private label dão à população. De acordo com o diretor financeiro da DMCard, Carlos Tamaki, o momento econômico do País também acaba colaborando para o avanço do produto.
“Existem dois movimentos grandes do mercado. De um lado, esse momento de crise, que se estende mais tempo do que o esperado, tem feito com que os empresários foquem mais no negócio deles e tragam esse tipo de parceria com o private label para alavancar suas vendas. De outro, a demanda do consumidor tem atingido recordes, exatamente porque o produto aparece como alternativa em um cenário de crédito restrito”, avalia Tamaki, da DMCard.
Os últimos dados do Banco Central apontam que o endividamento das famílias, sem contar dívidas com financiamento imobiliário, atingiu 24,8% em março deste ano, um avanço de 1,6 ponto percentual em relação a igual mês de 2018, quando era de 23,2%.
“Esse momento de estagnação reflete não apenas em novos investimentos, mas no consumo das famílias. Nesse sentido, o private label dá acesso a produtos financeiros e permite que as lojas conheçam melhor os seus clientes”, avalia o presidente da Credz, José Renato Borges.
Ele comenta, ainda, que grande parte do avanço da companhia – que tem dobrado de tamanho anualmente – vem de empresas de médio porte.
“Esses negócios estão desassistidos e são os que mais sentem a baixa atividade econômica. E é exatamente pela maior busca por uma solução de vendas por parte dessas empresas que o crescimento do cartão de marca própria será superior à projeção de 16% da Abecs [Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços] para o mercado”, complementa Borges.
Ao mesmo tempo em que a procura pelo private label sobe por parte dos consumidores, é importante ressaltar que as taxas de juros cobradas na modalidade tendem a ser mais altas do que as observadas no sistema financeiro.
“Apesar de não exigirmos um comprovante de renda na nossa operação, nós fazemos uma avaliação a partir da renda presumida e isso até nos permite dar mais crédito. Mas a inadimplência continua alta, até mesmo em função da economia. Isso influencia muito a taxa de juros do setor”, diz o diretor financeiro da DMCard.
Conforme informações do BC, em abril, as taxas médias do cartão de crédito ficaram em 4,3% ao mês. Anualmente, esses juros representam 65,4%.
Portabilidade
Os especialistas reiteram, porém, que o cenário contínuo de restrição de crédito também tem demandado outras adaptações do mercado. Segundo Borges, grande parte da ascensão dos cartões de marca própria se dá pela parceria das companhias com bandeiras (como Visa e Mastercard), o que permite compras com o plástico em outras lojas além daquela que o cedeu.
“A ativação dos cartões private label puros acaba sendo baixa por causa da falta de portabilidade do produto. Isso dificulta a usabilidade, por exemplo, já que dificilmente uma pessoa compra vestuário mais de uma vez por mês, principalmente no atual cenário econômico”, diz Borges.
O presidente da Credz acrescenta ainda que, como parte da estratégia para atender a todos os públicos, outra adaptação importante do mercado é tanto a adoção de novas tecnologias, como também de bandeiras internacionais.
“Temos um crescimento das operações por meio de aplicativos e a evolução do private label para atender com bandeiras nacionais e internacionais, bem como de forma não presencial. Isso acaba sendo um diferencial que compensa o momento que estamos vivendo”, conclui Borges.
Fonte: DCI