No centro das atenções de todas as marcas, os Millennials são mais engajados politicamente do que as gerações anteriores. São responsáveis ainda por uma nova era: a do consumo com propósito. Portanto, estabelecer conexões afetivas com esse público também vai muito além de oferecer preços atrativos. Os Millennials também observam, na hora de comprar um produto ou contratar um serviço, se os valores da marca são coerentes com as ações praticadas por ela.
A C&A, por exemplo, passou a adaptar suas estratégias ao gosto dos Millennials. Um exemplo disso é o projeto Mindse7, que pretende diminuir de 120 para 35 dias o intervalo entre uma coleção e outra. “A gente tenta trazer uma história cada vez mais contemporânea para os nossos clientes. Contemporânea não no sentido de trazer o que é tendência nas grandes casas de moda, mas o que está acontecendo na rua, agora”, diz Paulo Correa, presidente da C&A.
Desde 2017, a Riachuelo também concentra seus investimentos na integração dos canais físico e on-line. Na loja da marca na Avenida Paulista, em São Paulo, por exemplo, o cliente pode pagar diretamente no provador ou mesmo retirar a compra em loja por meio de lockers desbloqueados via QRCode. “Temos muitas iniciativas em andamento e em fase de teste que irão mudar a forma de consumo em nossas lojas, sempre em linha com o nosso propósito de facilitar o acesso à moda”, completa Paulo Henrique Farroco, diretor de Tecnologia.
Mas as empresas também começam a entender que qualquer erro de estratégia pode ser fatal. Este ano, a AirFrance, por exemplo, anunciou que está estudando o futuro da marca Joon, uma companhia aérea lançada em 2017 com foco nos Millennials. Isso porque “a marca se fazia difícil de entender desde o início para clientes, funcionários, mercados e investidores”, disse a empresa em comunicado. O problema, talvez, tenha sido tentar convencer os Millennials a comprarem passagens de avião mais caras em relação às passagens de baixo valor oferecidas na Europa pela Ryanair.
O que mudou?
Saber se comunicar com essa geração nascida entre o início dos anos 80 e meados dos anos 90 é fundamental. Segundo uma pesquisa de comportamento digital da Kantar, os Millennials precisam se ver dentro das propagandas. “São mais voláteis, preferem conteúdos mais curtos e mostram ter uma receptividade maior à publicidade – que as outras gerações – para anúncios com conteúdo que levam humor, música, design e que tenham celebridades (tanto influenciadores digitais como famosos)”, explica Maura Coracini, head de Digital & Midia da Kantar Millward Brown.
De acordo com o levantamento da Kantar, todas as gerações apresentam alto consumo digital, mas embora as redes sociais ocupem boa parte do tempo dos consumidores digitais, a TV ainda apresenta alto poder de impacto entre os brasileiros, mesmo entre a Geração Z, que representa 51% na média global e 63% no Brasil. A integração de plataformas é, portanto, inevitável. “Em nosso último estudo, revelamos que campanhas que conseguem fazer bem essa integração e customização entre criatividade e mídias são 57% mais eficientes em construir uplift de marca”, destaca Maura.
Enquanto aqueles com idade acima de 55 anos valorizam a liberdade de ajudar o País com seu espírito empreendedor, os Millennials veem, no empreendedorismo, a possibilidade de enriquecer. Não importa onde. Um levantamento feito pelo Indeed, site global de empregos, revelou que aqueles que trabalham ou estudam na indústria de tecnologia acreditam que a única alternativa para desenvolver suas carreiras e alcançar o sucesso é deixando o País.
“Os resultados mostram claramente uma percepção diferente entre faixas etárias. Enquanto gerações mais velhas confiam que o sucesso pode ser alcançado aqui, as gerações mais jovens estão menos convencidas”, explica Felipe Calbucci, country manager do Indeed no Brasil.
A geração que associou o empreendedorismo a um propósito maior de vida não se vê batendo cartão em uma empresa pelo resto da vida. “Na hora em que os Xs iam tomar o bastão no mercado corporativo, chegaram os Millennials, obrigando as empresas a mudar a regra do jogo”, diz Roberto Meir. “Acostumado com a gratificação instantânea, essa geração também passou a entrar em atrito com os Boomers ao ser contrariada por eles”. Não à toa, um levantamento realizado pela MindMiners com respondentes Millennials indica que 49% deles desejam trabalhar em um negócio próprio.
Fonte: Consumidor Moderno