A Renner vai investir neste ano entre R$ 34 milhões e R$ 37 milhões na instalação de sua operação no mercado argentino, afirmou José Galló, em entrevista ao Valor. Apenas em tecnologia e logística, a varejista de vestuário vai desembolsar aproximadamente R$ 10 milhões — a metade do que foi aportado no Uruguai.
“Os investimentos em loja serão os mesmos feitos no Brasil, entre R$ 8 milhões e R$ 9 milhões por unidade”, afirmou Galló.
Antes de abrir lojas no Uruguai, em 2017, a Renner investiu R$ 20 milhões em tecnologia. A companhia usa os mesmos softwares do Brasil, mas fez ajustes em 140 processos da operação, para adaptar o sistema de processamento de dados à legislação, ao câmbio, aos impostos e a outras obrigações aduaneiras. Galló disse que a conversão dos sistemas usados no Uruguai para operar na Argentina exigirá menos recursos.
As lojas na Argentina terão tamanho médio de 2 mil m2 , assim como as unidades do Brasil. O plano é abrir dois pontos em Buenos Aires e um na cidade de Córdoba.
As coleções vendidas na Argentina serão iguais às coleções lançadas nos mercados brasileiro e uruguaio. As peças serão fabricadas no Brasil, em sua maioria. Galló também disse que vai manter o mesmo posicionamento de preço na Argentina em comparação aos preços adotados aqui.
Segundo o executivo, a decisão de investir na Argentina neste ano foi tomada após a companhia observar bom desempenho de vendas no mercado do Uruguai. A companhia abriu a primeira loja em Montevidéu em setembro de 2017. No ano passado, a Renner atingiu sete lojas no país vizinho, sendo cinco em Montevidéu, uma em Rivera e outra em Punta Del Este.
Em maio de 2018, a varejista havia informado que abriria lojas em outros países no longo prazo. “Os resultados previstos para o Uruguai se confirmaram, tanto que a companhia abriu mais três lojas no ano passado. Isso nos motivou a abrir a operação na Argentina”, afirmou Galló.
O executivo disse que muitos consumidores argentinos passaram a frequentar as lojas da Renner em Montevidéu e na fronteira entre Brasil e Argentina.
“Independentemente da situação volátil na economia da Argentina, o país tem um mercado consumidor relevante. Nos shopping centers da Argentina, a vacância de lojas é quase zero. Vimos oportunidades de abrir lojas e decidimos aproveitar a chance”, afirmou o executivo. Galló acrescentou que a Renner cresceu no Brasil mesmo em anos de muita volatilidade cambial e alta inflação.
Galló disse ver mais oportunidades de expansão na Argentina do que no Uruguai. O executivo observou que, enquanto em Montevidéu existem 2,3 milhões de habitantes, na grande Buenos Aires vivem 13 milhões de pessoas. Só a capital argentina possui 70 shopping centers. Enquanto no Uruguai, 80% da população se concentra em Montevidéu, na Argentina existem muitas cidades com população superior a 200 mil habitantes. Córdoba, um dos municípios escolhidos pela Renner, tem 1,5 milhão de habitantes.
O presidente da Renner disse ainda que não tem planos de ir para outro país em 2019. “Há muitas coisas boas para se fazer na Argentina antes de ir para outros mercados”, disse.
Com a notícia, as ações da Renner valorizaram ontem 1,87% na B3 e fecharam cotadas em R$ 45,27. O Ibovespa caiu 2,29%, contaminado pela queda das ações da Vale.
Fonte: Valor Econômico