A Companhia Hering desenvolve dois projetos de reformas de lojas, com custos menores para os franqueados e perspectiva de vendas mais altas em relação a modelos mais antigos de loja.
Um formato começou a ser implantado neste ano, com custo médio de reforma de R$ 1,3 mil a R$ 1,4 mil por metro quadrado. O modelo anterior de loja demandava um gasto médio de R$ 3,9 mil. O novo modelo de loja prevê menos mudanças na edificação. As alterações são feitas no mobiliário, para permitir a exibição de mais produtos aos consumidores, destacando as áreas de jeans e moda básica.
Thiago Hering, diretor de negócios da Companhia Hering, disse que a meta no início do ano era reformar entre 30 e 35 unidades. Até julho, 10 unidades foram reformadas. Agora, a companhia prevê reforma a reforma de 70 lojas, até o início de 2019. De acordo com a Hering, as lojas reformadas geram um crescimento de vendas pelo menos 12% superior ao desempenho das lojas que operam em modelos mais antigos. Das 595 lojas da rede, em torno de 400 ainda operam com o modelo antigo, no qual a madeira predomina. A loja nova usa mais estruturas de metal.
Um segundo modelo de loja começou a ser testado neste mês em uma unidade no Shopping Morumbi na zona sul da cidade de São Paulo. Prevê a instalação de tecnologias e serviços para os clientes. A entrada da loja tem, por exemplo, uma câmera ligada a um sistema de reconhecimento facial, que identifica o consumidor por sexo e idade. Em telas, na vitrine, são mostradas sugestões de produtos, baseados nas características do cliente.
No provador, o consumidor tem a coleção disponível para consulta em uma tela sensível ao toque. O cliente pode pedir para experimentar outras peças sem sair do provador. Também é possível comprar on-line produtos que não estão no estoque da loja, usando uma espécie de totem. A entrega pode ser feita na própria loja ou na casa do consumidor.
A loja também oferece o serviço de personalização de camisetas. O consumidor pode escolher dizeres ou estampas, que são impressos na camiseta na hora. “No futuro, haverá outros serviços como gravação de monogramas e reforma de roupas”, disse Hering.
Esse novo modelo, segundo o executivo, foi desenvolvido em menos de 30 dias. A expectativa de Hering é adotar esse modelo mais tecnológico em 50 grandes lojas da rede a partir de 2019.
A companhia também pretende implantar, nos próximos dois anos, algumas dessas tecnologias em mais unidades. “Cada grupo de lojas vai adotar pacotes diferentes de tecnologias, dependendo do seu tamanho e potencial de vendas”, afirmou Hering.
O modelo começou a ser testado há dez dias. Rafael Bossolani, diretor financeiro e de relações com investidores da Cia. Hering, disse que as vendas têm sido maiores do que as vendas nas lojas que foram reformadas neste ano.
Na visão dos executivos, o modelo de loja mais digital permitirá à Hering avançar mais rapidamente na integração de lojas físicas com o comércio eletrônico. Atualmente, apenas as lojas próprias da Hering Store (57 no total) operam de forma integrada com o comércio eletrônico.
A internet representa em torno de 3,5% da receita total de vendas da Hering, acompanhando a tendência do varejo de moda. Bossolani disse que as vendas on-line da companhia crescem acima da média do mercado, que registra um crescimento entre 10% e 12% ao ano.
O executivo acrescentou que, no futuro, o novo modelo on-line permitirá que lojas de franqueados funcionem como um centro de distribuição para entrega de produtos vendidos on-line.
Os dois projetos de lojas foram apresentados ontem a investidores e analistas de mercado, em São Paulo. As ações da companhia reagiram positivamente aos planos da companhia. Ontem, os papéis subiram 6,92%, fechando o dia cotados a R$ 19,78. No acumulado do mês, a alta é de 11,31%. No acumulado do ano, no entanto, as ações ainda registram queda de 20,84%. O Ibovespa acumula no ano valorização de 12,19%.
A Hering Store registrou no primeiro semestre do ano uma receita bruta de R$ 590,8 milhões, com queda de 4,4% em relação ao mesmo intervalo de 2017. A receita líquida da Cia. Hering atingiu R$ 706,1 milhões no primeiro semestre, com queda de 3,9%. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) caiu 10,6%, para R$ 103,3 milhões. O lucro líquido teve queda de 27,2%, para R$ 91,6 milhões.
Fonte: Valor Econômico