Mesmo após o fim da recessão econômica do Brasil em 2016, o varejo continua lidando com a intensificação de furtos e assaltos nas unidades. As perdas, que colocam em risco a margem de lucro desses negócios, obrigaram os empresários a investir mais em sistemas de segurança – sobretudo em supermercados, farmácias e lojas de roupas. “De maneira geral, temos verificado o aumento deste tipo de ocorrência nos últimos anos. Especificamente, no Estado do Rio de Janeiro, que passa por uma intervenção federal, a situação apresentou piora”, afirmou o diretor da Associação Brasileira de Prevenção de Perdas (Abrappe), Erlon Lisboa.
Segundo um estudo realizado pelo Clube dos Dirigentes Lojistas do Rio de Janeiro (CDLRio), no primeiro semestre de 2018, o varejo fluminense gastou R$ 900 milhões em aparatos de segurança – crescimento de 20% sobre um ano antes.Para Lisboa, em função do tamanho das unidades, as grandes redes de supermercado são os estabelecimentos que mais demandam equipamentos de segurança; em seguida o segmento de farmácias, “pela rápida expansão de unidades nos últimos anos”; e, por fim, as lojas de moda. Para conter esse movimento, explica ele, existe a necessidade de treinamento dos colaboradores para lidar com flagrantes e familiaridade com os sistemas de segurança.Em 2017, segundo um levantamento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o varejo alimentar teve perdas na ordem de R$ 6,4 bilhões. Nesse montante, as principais causas são quebra operacional (36%), furto externo (15%), erro de inventário (15%), e furto interno (10%). A pesquisa também revela os itens mais visados: energético, cerveja, carne bovina, chocolate e queijo.
Foco no ladrãoUma das redes de varejo alimentar que incrementou o investimento em ferramentas de prevenção de perdas foi o Supermercado D’avó – que tem 11 unidades na cidade de São Paulo. “Nos últimos anos, em especial, o percentual de comprometimento do nosso faturamento em função de práticas como esta passou de 1,5% para mais de 2%”, afirmou o gerente de prevenção da rede de supermercados, Cláudio Henrique Sarto. Desde o início da crise, em 2015, o negócio investiu mais de R$ 2 milhões em aparato preventivo.Segundo ele, o recrudescimento da situação fez com que houvesse alta no contingente de vigilantes nos estacionamentos e câmeras de segurança para inibir esse tipo de prática. Além disso, Sarto afirma que, dos 25 mil itens disponíveis nos supermercados, em torno de cinco mil contam com algum tipo de etiqueta antifurto. Tais sistemas de segurança do Supermercado D’avó são fornecidos pela multinacional Tyco Retail Solutions. “A região do Brasil que mais temos demanda é o Sudeste, mas geralmente as empresas com filiais em outros locais também acabam implementando de modo uniforme”, disse o diretor de novos negócios da companhia, Carlos Eduardo Santos. O executivo afirma que o equipamento mais solicitado é a antena antifurto, com custo mensal de R$ 410 para os lojistas.Todas as ferramentas de prevenção de perdas, segundo ele, podem ser alugadas ou compradas pelos clientes, com a ocorrência de manutenções pontuais destes equipamentos. Outro exemplo de empresa com foco no fornecimento de itens de segurança para o varejo é a Gunnebo Brasil. “O produto mais solicitado é a câmera de segurança, pela facilidade de instalação em qualquer local e pelo fato de ser um objeto que inibe a ação do ladrão”, disse o diretor de marketing do grupo, Luiz Fernando Sambugaro.Segundo ele, para uma loja de 150 m², o orçamento para um lojista adquirir um sistema de segurança fica entre R$ 5 mil e R$ 10 mil. Assim como a Tyco retail Solutions, há possibilidade de locação do produto.
Sem mencionar cifras sobre a receita da empresa, Sambugaro diz que – embora os grandes centros urbanos na Região Sudeste do País representem boa parte dos clientes – a interiorização de franquias para o interior dos Estados tem feito puxado a demanda para outras localidades do Brasil antes poco exploradas. “Temos evoluído nossas implementações no interior de Minas Gerais e também Mato Grosso”, conta.Inaugurada recentemente no Shopping Ibirapuera, a rede varejista francesa de roupas Kiabi é uma das empresas que recorreu a sistemas de segurança ao ingressar no mercado nacional. “Ao investir nisso, pensamos mais nos roubos de clientes externos do que colaboradores, embora possa acontecer também”, disse a líder de marketing e vendas da rede, Khardiata Ndoye. Segundo ela, além da compra das câmeras e etiquetas, a localização do negócio foi pensado sob a ótica da “segurança”. “Na França, quase todas nossas lojas estão nas ruas. Porém, achamos melhor instalar a unidade brasileira num local seguro, como é o shopping center”, afirmou.
Fonte: Newtrade