A moda foi ganhando maior agilidade na produção desde os anos 60. Vinte anos depois, a indústria de consumo chamou a atenção do mundo globalizado e na década de 90 o rótulo “fast fashion” surgiu para dar nome ao movimento. A fast fashion foi encarado, por muitos, como a disrupção da moda. A modalidade surgiu trazendo maior agilidade às coleções, mais opções de consumo e acendeu o discurso sobre moda consciente. Agora, nos anos 2000, é a fast fashion quem está sofrendo mudanças – e o maior culpado é a tecnologia.
Apesar do volume de peças e tendências oferecidas pelas marcas de fast fashion, é necessário que essas opções alcancem o maior público possível, potencializando também as vendas. “Nós vemos o ‘varejo barato’ como o segmento de moda e vestuário mais disruptado pelo online”, disse Anne Critchlow, analista na Sociéte Générale ao Business of Fashion.
A disrupção da fast fashion no e-commerce criou um enorme mercado: em 2017, a receita do e-commerce mundial de moda foi de US$ 417,1 bilhões – e a expectativa para 2022 é que esse número aumente para US$ 712,5 bilhões em 2022, de acordo com o Statista.
As compras online de produtos de moda e vestuário já representavam 19,6% do total de vendas no setor nos Estados Unidos, em 2016, e está experimentando um crescimento anual desde 2003, segundo o Statista.
Na moda, o e-commerce impacta especificamente a fast fashion em comparação com a haute couture (moda de alta costura) por um motivo específico: a experiência de compra. A fast fashion produz roupas em alta velocidade para atender tendências e o faz por um preço mais acessível, enquanto a haute couture cria essas tendências em cada desfile e temporada de moda, mas produz as roupas a mão e sob medida. A produção das peças de alta costura é personalizada de acordo com o cliente, que paga um preço muito maior por essa diferença, e passa por uma experiência difícil de ser reproduzida no varejo online.
Em contrapartida, a compra de peças de fast fashion online é muitas vezes preferível devido à comodidade. Empecilhos que antes existiam na compra de roupas pela internet hoje deixaram de ser um problema: a Zalando, rede alemã de fast fashion online, oferece frete grátis e devolução das peças disponível por 100 dias, por exemplo.
Lojas de fast fashion de todo o mundo estão criando e investindo nos próprios e-commerces, criando uma experiência multicanal (ou omnichannel) para os consumidores. A H&M, por exemplo, criou uma modalidade em sua etiqueta escrita “scan and buy”, no qual os consumidores podem escanear um QR Code no celular e comprar pelo aplicativo caso a peça ou cor desejada do modelo não esteja disponível na loja física.
Hering: um case de fast fashion no Brasil
Segundo a ABComm, o e-commerce no país deve crescer 15% em relação a 2017 e faturar mais de 69 bilhões de reais. Atualmente, elementos das lojas online estão cada vez mais integrados com as lojas físicas inclusive no Brasil – as varejistas Centauro e Hering, por exemplo, permitem que os consumidores comprem pela internet e retirem o produto na unidade física. Isso prova que a experiência do varejo não é mais sobre qual a melhor plataforma de vendas, mas como aliar as duas formas existentes hoje.
A Hering, por exemplo, é uma das maiores varejistas e fast fashion do país, e hoje possui 4 marcas próprias em seu portfólio. São realizados cerca de 2.500 lançamentos a cada 60 dias, divididos entre as 900 lojas próprias e franquias e 5 canais de venda online. O e-commerce da marca cresceu 17,8% em 2017 em relação ao ano anterior, segundo o E-commerce Brasil.
A marca também promove o engajamento na loja online através do Clube Hering, um jogo em que os consumidores indicam produtos e ganham pontos por cada indicação. Os jogadores acumulam pontos que podem ser trocados por recompensas em lojas participantes.
A Hering possui os próprios canais de e-commerce por reconhecer a importância desse mercado em seu segmento e agora está buscando a associação com startups para aumentar ainda mais seu potencial. Por esse motivo, a Cia. Hering está realizando o Hering Conecta, seu programa de conexão com startups. A Hering pretende selecionar as startups que oferecem as melhores soluções para a empresa – as startups podem se tornar fornecedoras e/ou parceiras da companhia.
Fonte: Startse