A efetivação do frio nas regiões Sul e Sudeste será o fator decisivo para garantir o bom desempenho do varejo têxtil na estação de inverno. Depois de um início morno, a expectativa é que a queda de temperatura se dê ainda na primeira quinzena de maio, a tempo de aproveitar o Dia das Mães.
“Estamos na expectativa. Novamente tivemos um outono mais quente e isso afeta as vendas do setor que já começa a se preparar para temperaturas mais amenas em março”, diz o diretor executivo da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex), Edmundo Lima.
Uma das maiores redes varejistas, a Renner, já sentiu o reflexo das condições climáticas. Durante teleconferência com analistas referente ao balanço do primeiro trimestre do ano, a companhia afirmou que a aceitação de sua nova coleção tem sido positiva, mas em condições normais, os artigos de inverno deveriam estar entre 10% e 20% superior ao observado, sendo 10% a mais nos itens mais leves e entre 15% e 20% superior nos mais pesados.
De acordo com Lima da Abvtex, o cenário para os meses de inverno ainda é muito incerto, além de temperaturas que não condizem com a estação, ele acrescenta que ainda há um componente macroeconômico e político que gera insegurança no consumidor, deixando-o mais temeroso na hora das compras. Segundo o IEMI Inteligência de Mercado, os artigos de inverno (jaquetas, casacos, blusas de frio, moletons e outros), representam 25% da receita de vendas do varejo no ano.
Lima lembra que, para reverter esta sensação de insegurança, a queda da temperatura antes do Dia das Mães será fundamental para os lojistas. “É o segundo melhor dia do ano para o varejo, depois do Natal. É uma data em que as pessoas aproveitam para dar produtos mais pesados para as mães. É um período super importante”, explica. Mesmo com esta incerteza ele descarta um movimento de guerra de preços e fortes promoções.
Caso isso aconteça, o varejo poderá fisgar parte dos R$ 17,05 bilhões que a data comemorativa deverá movimentar este ano entre as empresas de comércio e serviços, segundo estimativa feita pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).
“O varejo de vestuário é uma categoria que se encaixa bem no Dia das Mães e tem grande gama de preços. Se fizer frio o apelo será maior, porque a oferta do varejo neste período está configurada para inverno”, diz diretor vogal do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar), Nuno Fouto.
De acordo com as projeções para o varejo ampliado, divulgado na última pelo Ibevar, a projeção para o setor de tecidos é de queda 3,2% em março ante igual período do ano passado. Em abril e maio, há ainda perspectiva de queda de 4,1% e 6,2%, respectivamente. “Falamos em queda, mas se a temperatura cair mais e as pessoas notarem a diferença e começarem a sentir frio, essa projeção pode mudar”, coloca.
Mesmo assim, o executivo destaca que este será um ano de cautela. Para o especialista, é importante que o varejo tenha muita cautela nas projeções que irá realizar. “Não devem construir um cenário muito otimista. Deve ser de conservador pra baixo. Os varejistas devem tomar cuidado e acompanhar de perto o ritmo de venda para não ficar com muito estoque”, analisa.
De acordo com ele, o controle do estoque deverá ser muito bem feito para evitar perdas. “Não devem construir um cenário muito otimista.”
O diretor da Abvtex, destaca que as condições macroeconômicas esperadas no final do ano passado eram muito melhores e, por ora, não se concretizou. Somado a isso, ele acrescenta que a realização da Copa do Mundo da Fifa e as eleições presidenciais acrescentam alguns componentes de incerteza aos varejistas.
ContrapontoNa Feira da Moda Inverno (Feimi), antiga Feira do Circuito das Malhas, a expectativa é que a movimentação cresça cerca entre 10% e 15% em fluxo de pessoas e receita.
Para a diretora-geral da Feimi, Sonia Sodré, o clima é um fator chave, mas a expectativa é que no período da feira este fator seja superado. Serão três edições que serão realizadas em São Paulo e no Grande ABC. “Espera-se para a data de abertura [18 de maio] uma frente fria e o consumidor tende a ser imediatista e o clima será propenso.”
Fonte: DCI