A rede Lojas Renner quer elevar a participação do e-commerce para até 5% das suas vendas totais. Para isso, a varejista decidiu investir entre R$ 50 milhões e R$ 60 milhões somente em tecnologia, com uma meta de atingir o percentual estabelecido para o canal digital até 2021.
Com salto de 66% no lucro líquido registrado no primeiro trimestre de 2018 – chegando a R$ 111,4 milhões –, a empresa declarou que um dos motores para manter o crescimento é investir no conceito de multicanalidade, onde lojas físicas e virtuais serão integradas, disponibilizando retirada e compra de produtos em todos os ambientes.
Para isso, a rede implementou em algumas unidades no Rio de Janeiro e São Paulo o sistema click and collect, o qual possibilita que o cliente compre no e-commerce e retire o produto na loja física. Até o final de 2018, há intenção de expandir operações desta natureza para, pelo menos, mais 100 unidades.
Para o CEO da Renner, José Gallo, no caso da Camicado – marca focada em decoração doméstica –, os aportes em tecnologia permitirão maior “ousadia” no lançamento de novos produtos na plataforma online. “Eventualmente, podemos até começar com o anúncio de itens que não estão disponíveis na loja física”, afirma.
No entanto, Gallo lembra que a figura das operações físicas também são importantes. “Acreditamos que nossas lojas vão ter um papel importante no sentido de manter a característica com a criação de ambientes ‘práticos e simples’ na hora do cliente comprar”, diz.
Além disso, sobre o público alvo da Camicado, o executivo afirmou observar uma mudança no perfil. “Começamos a trabalhar lifestyle dentro do negócio e, com isso, desenvolver setores para que homens também frequentem as lojas.”
Nessa linha, o analista de investimentos da gestora de recursos financeiros Quantitas, Vinicius Piccinini diz que, para manter o bom desempenho, a Renner tem desafios relacionados ao lançamento das coleções de inverno diante das altas temperaturas que ainda perduram nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, e sobre variações do câmbio longo prazo.
“No longo prazo, a alta do dólar pode afetar o desempenho [da Lojas Renner], mas os repasses devem ser feitos de forma gradual no preço dos produtos”, afirmou o analista. Ele lembra, no entanto, que o mecanismo de hedge cambial deve dar fôlego na flutuação das moedas. Esse recurso possibilita que as empresas estabeleçam um valor “fixo” a ser pago e, dessa forma, se “protejam” da volatilidade do câmbio.
Piccinini conclui que, embora a empresa tenha apresentado bom desempenho no primeiro trimestre de 2018, o consumidor ainda está cauteloso, pois o País está em ano de eleição e em processo de retomada da economia.
Na bolsa de valores, os resultados divulgados na última sexta-feira (4) tiveram impacto positivo, valorizando as ações da companhia em 5,43% – maior alta do dia no índice. O preço dos papéis da Lojas Renner ficou em R$ 34 por ação.
Fonte: DCI