A Cia. Hering decidiu acelerar o desenvolvimento de suas coleções, como parte dos esforços para ampliar as vendas e reduzir sobras de coleções.
A meta da companhia é reduzir de quatro meses para seis semanas o prazo entre a criação de uma coleção e a chegada das roupas às lojas. Fabio Hering, presidente da Cia. Hering, disse ao Valor que a companhia fará uma redução gradual no tempo de desenvolvimento das coleções, chegando a uma média de seis semanas em 2019.
A companhia tem trabalhado para reduzir o tempo de desenho e encomenda das coleções. Como parte dos esforços, também reduziu o tempo de apresentação das coleções para as lojas de franquias com a adoção do showroom eletrônico. A apresentação das peças em formato eletrônico substitui os tradicionais catálogos em papel e a apresentação de amostras.
A companhia também encurtou o tempo de desenvolvimento dos produtos importados – um quarto do portfólio é confeccionado na China. O ciclo de importação da Hering demora em torno de 9 meses, desde o desenho das coleções e encomenda, até a entrega no Brasil e distribuição nas lojas. O presidente da Hering diz que antes, as peças eram desenhadas no Brasil e enviadas para a equipe que trabalha na China, para fazer as encomendas na Ásia. Os modelos iam e voltavam algumas vezes até a sua aprovação final.
Agora, os modelos importados são aprovados diretamente na China. “Com essa mudança, acredito que a companhia ganha de duas a três semanas no ciclo de importados”, afirmou Fábio Hering. Um dos desafios da companhia é voltar a apresentar crescimento nas vendas das lojas abertas há mais de 12 meses. No primeiro trimestre, as vendas nessas lojas encolheram 1,1%.
Desde 2016, a empresa não tem praticamente aberto pontos de venda. Das 778 lojas que a Hering possui, 596 são Hering Store – 539 em mãos de franqueados e 57 próprias. No primeiro trimestre, a companhia fechou 28 lojas, sendo 14 Hering Stores, 7 Hering Kids e 7 PUC. A companhia tem fechado lojas com desempenho fraco.
No primeiro trimestre, as vendas da Hering Store tiveram aumento de 6,5%, para R$ 293,0 milhões. A receita líquida avançou 4,7%, para R$ 343,8 milhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) atingiu R$ 45,3 milhões, com aumento de 7,2% sobre o primeiro trimestre de 2017.
O lucro líquido atingiu R$ 34,3 milhões, resultado 9,3% inferior ao lucro obtido no mesmo período de 2017. A queda foi associada à piora no resultado financeiro, devido à queda da taxa de juros. O resultado financeiro líquido ficou positivo em R$ 8,5 milhões, com queda de 32,7% sobre o mesmo intervalo de 2017. As receitas financeiras caíram 29%, para R$ 15,7 milhões, e as despesas financeiras encolheram 24,2%, para R$ 7,2 milhões.
“A companhia também volta a olhar neste ano a abertura de lojas”, disse o executivo. Ele afirmou que a companhia estuda a abertura de lojas em cidades menores, onde a Hering ainda não tem pontos de venda. Essas lojas teriam um tamanho médio de 140 a 150 metros quadrados. O tamanho médio de lojas em grandes centros é de 500 metros quadrados.
De acordo com o executivo, a recuperação do consumo no varejo tem se mostrado lenta nos primeiros meses de 2018, com alguns soluços de crescimento entre um mês e outro. A companhia também começou a investir, em 2017, na construção de uma plataforma que vai permitir a venda em vários canais. A Hering começou a testar o modelo que permite ao consumidor comprar no site, e receber o produto em casa ou retirá-lo em uma loja, em outubro de 2017, em Blumenau (SC). A previsão é estender os testes para São Paulo neste ano e atingir todas as lojas do país em 2019. A Hering tem orçado para este ano investimentos de R$ 53 milhões. Desse valor, um terço será investido em tecnologia da informação. Outro terço será destinado a investimentos na área fabril e em logística. O restante será aplicado em reformas e aquisições de lojas.
Em 2017, os investimentos da companhia somaram R$ 58,8 milhões, com aumento de 14,6%. Os investimentos foram aplicados nas instalações fabris, na automatização do centro de distribuição de Anápolis (GO), em tecnologia, na inauguração de cinco lojas e em reformas de pontos de vendas. Fábio Hering voltou a olhar para o consumidor argentino. “O plano para voltar ao mercado da Argentina será desenvolvido ao longo do ano. Talvez aabertura de lojas fique para 2019”, afirmou.
Atualmente, a Hering possui 19 lojas fora do país, no Uruguai, no Paraguai e na Bolívia. Uruguai é a maior operação da empresa fora do país, com vendas de 700 mil peças por ano, em média.
Além das redes próprias, a Hering vende produtos a 16.859 lojas multimarcas. A empresa opera com três fábricas em Santa Catarina, quatro em Goiás e uma unidade no Rio Grande do Norte e emprega cerca de 7 mil pessoas.
Fonte: Valor Econômico