Aos 87 anos, Adelino Colombo está passando o bastão para a filha, Gissela Franke Colombo Berlaver (foto), 60 anos, a partir de fevereiro. Em entrevista ao Portal AMANHÃ, a nova presidente da tradicional rede de lojas de Farroupilha (RS) revelou que sua principal tarefa será colocar de vez a Colombo na chamada Era Digital. A companhia prepara uma operação de marketplace cuja plataforma comercializará um mix maior de produtos utilizando parceiros. “Sou viciada em Internet. Gosto muito de fazer pesquisas sobre o mercado, mas também me divirto com joguinhos e me distraio em redes sociais como o Instagram”, confidenciou. A executiva também disse que gosta de viajar – algo que nem considera hobby, mas sim uma necessidade. Como CEO, Gisssela afirma que gosta muito de ouvir os liderados e trocar ideias com eles. “Tenho um jeito conciliador, pois sou uma líder que aglutina, que ousa e que dá autonomia para os executivos”, define-se.
Como se deu o processo de sucessão?
Temos um processo de governança envolvendo familiares e conselheiros independentes. No Conselho de Família vimos a necessidade da sucessão e até procuramos executivos externos. Também queríamos fazer o quanto antes possível. Eu estava no Conselho de Administração já havia sete anos. Começamos a um fazer trabalho árduo de acompanhamento do dia-a-dia da empresa. Eu via como ele [Adelino] se sentia e vivi a empresa muito de perto, até para ter mais segurança. A família concordou que teria de ter essa preparação prévia para a sucessão e foi o que aconteceu. Seu Adelino estava tranquilo quanto a isso.
Mais de 20 anos atrás, AMANHÃ fez uma entrevista com Adelino Colombo em que ele anunciava planos de se aposentar em breve. Título: “Seu Adelino vai pescar”. Bem, agora, depois de todo este tempo, ele diz que finalmente vai se dedicar mais aos hobbies, principalmente pescar. Você acha que seu pai consegue mesmo desgrudar o olho do negócio e passar horas sentado à beira de um açude?
Estou convicta de que sim. Todo fundador tem essa dificuldade de lidar com a sucessão. Outros têm essa visão mais tarde, outros mais cedo. Ele [Adelino Colombo] sempre teve essa dificuldade. Esse foi o momento certo para ele, pois está preparado.
A Colombo sofreu assédio de grandes redes e, ao contrário de outros grandes nomes do varejo regional no Sul do país, manteve-se em um caminho próprio. Qual é o grande trunfo da Colombo, na sua opinião?
Não acredito em trunfo. Acredito em estratégias que dão certo. Vamos continuar dentro da nossa missão, colocando nossa empresa na frente, acompanhando nosso consumidor no mercado, enfim, dando continuidade para a empresa, pois temos uma responsabilidade social fantástica, empregando mais de 4 mil funcionários. Há um consenso pela continuidade da empresa dando destaque para as tecnologias que estão fazendo com que o varejo se desenvolva cada vez mais.
A Colombo continua sendo assediada?
Não. Houve assédios [no passado] e o Seu Adelino Colombo não gostava dessa ideia. Também não existiu proposta nos últimos anos.
Quais são os planos que você tem para a Colombo sob sua liderança?
Estamos com planejamento estratégico feito em conjunto com acionistas e membros da família, além de executivos. Temos a intenção de continuar nas mesmas regiões em que estamos.
Nas estratégias de expansão física, como Santa Catarina e Paraná entram nos planos?
Não chegamos a colocar uma meta de tantas lojas físicas, mas vamos abrir sim. Ainda estamos estudando pontos, pois [o investimento] difere muito. Devemos abrir 10 a 15 lojas nos três Estados do Sul. Elas terão diferentes concepções para cada tamanho de cidade. Na verdade, não pensamos tanto em fazer a rede crescer, mas em atualizá-la mais.
A Colombo pensa em ganhar relevância de que maneira no comércio eletrônico? Qual a representatividade atual do e-commerce nas receitas da rede?
Sim, temos um plano de expansão no e-commerce. Queremos colocar um marketplace e oferecer um leque produtos muito maior. Esse é o nosso grande desafio: ter foco no digital. Começar a fazer a execução da primeira fase desse projeto. O e-commerce representa 28% da nossa venda atualmente. Já temos um e-commerce instalado e agora queremos abranger mais, oferecendo produtos de centenas de parceiros que não são normalmente comercializados por nós. Será uma fase de modernização onde faremos a junção do e-commerce com a loja física.
Como você analisa o grande case de e-commerce apontado atualmente no Brasil, que é o do Magazine Luiza?
Acho um modelo muito bom, pois a Luiza e Via Varejo estão inovando nesse campo. No varejo, a ordem é se renovar e reciclar o tempo todo. Acho que a Magazine Luiza é um exemplo a ser seguido. Temos como meta importante nos aprimorarmos e oferecer ao cliente a opção de comprar utilizando a plataforma que quiser – seja na na web, na loja física, comprar em casa, retirar na loja, ter a mercadoria entregue em casa. O cliente é que põe sua necessidade e o comércio tem de dar as possibilidades para facilitar a compra dele.
Qual sua previsão para o comércio neste ano no Brasil?
Estamos sentindo uma recuperação desde o segundo semestre de 2018. Acho que ela vai se manter. Não pensamos em um grande crescimento, mas a vendas se manterão subindo, apesar das incertezas. Entendo que o país está se recuperando e temos de ser otimistas. Acredito no futuro do Brasil e no varejo, que é a ponta da indústria – dois setores que empregam muito e sem os quais não há economia. Vamos fazer um novo Brasil.
Fonte: Amanhã