O Brasil é um mercado gigantesco, com quase 208 milhões de habitantes. Um prato cheio para os empreendedores locais. Mas há quem queira ir além. Edgard Corona, fundador e CEO do Grupo Bio Ritmo, e Marcio Kumruian, fundador e CEO da Netshoes, são dois desses empresários. Enquanto as academias estão presentes no México, no Chile, no Peru e na República Dominicana, o e-commerce também opera na Argentina e no México.
Nesta sexta-feira (27/10), durante o evento Scale-Up Summit, realizado pela Endeavor em parceria com a EY, a dupla falou sobre os desafios de levar suas empresas para outros países. Corona frisou a importância de respeitar a cultura do local onde a companhia está chegando. “Não pode ser uma colonização. Você tem de entender a cultura local”, diz o empresário.
Segundo ele, as companhias que não deram certo no México, por exemplo, são as que chegaram lá impondo um modelo de negócios. Por isso, preferiram adotar um “modelo de reprodução celular”: “nós implantamos uma célula, ensinamos as pessoas a trabalharem e as deixamos crescer”.
A estratégia tem dado certo. Hoje, crescem a uma taxa de 150 unidades por ano — ou seja, quase uma a cada dois dias. “Você não pode pegar uma empresa de serviço e engessá-la, ou você não cresce. Então trabalhamos com as células locais.” Corona defende que o papel do CEO nesse processo é “é ser guardião da cultura e do propósito” da companhia. Isso inclui encarar erros como parte do aprendizado. “Tem erro o tempo todo, o problema é persistir no erro. (…) Mas se você não se permitir cometer o erro, vai ficar para trás”.
Ele diz que a empresa tem de trabalhar como “uma usina de contribuição”, onde as pessoas não são estimuladas só por bônus. “Aqui não é Wet\’n Wild que a foca só pula para pegar o peixe.”
Marcio Kumruian, por sua vez, decidiu expandir em novembro de 2011, quando a empresa lançou ao mesmo tempo as operações na Argentina e no México. “Quando olhávamos para o mercado brasileiro era superpromissor. Argentina e México estavam na mesma situação.”
A nova empreitada trouxe lições importantes. A princípio, era um mesmo site para os dois países. Mais tarde descobriram que o espanhol não era o mesmo. No México, por uma peculiaridade do mercado, foi importante adotar a prática de “cash on delivery”, quando o consumidor paga em dinheiro na hora da entrega.
Outra lição é não cair na “falsa sensação do sucesso”. Segundo ele, quando se abre uma startup em outro pais, há um crescimento muito rápido no início, e isso pode dar certo conforto. Kumruian diz que é preciso tomar cuidado para não cair nessa “armadilha de bolha”. Para ele, o papel do CEO na expansão é “colocar as prioridades, trazer o histórico da empresa e reforçar a cultura”.
Fonte: Época Negócios