A empresa de private equity SouthRock Capital está em conversas com a rede de cafeterias Starbucks para aquisição da operação no Brasil apurou o Valor. Desde 2010, a Starbucks Corporation é dona de 100% do negócio. Um memorando de entendimento foi assinado entre as partes. Pela proposta, a SouthRock pode se tornar master franqueada da marca e proprietária das 105 unidades da cadeia, com vendas na faixa de R$ 200 milhões no ano passado.
Em 2016, representantes da empresa de investimentos, com sede em São Paulo, fizeram os primeiros contatos com executivos da subsidiária da rede de cafeterias, mencionando o interesse na aquisição. Questionada, a Starbucks não se manifestou a respeito das informações. Em nota, a empresa respondeu informando que foi fechado “um acordo de licenciamento com a SouthRock Capital para que uma de suas de subsidiárias opere três lojas no Aeroporto Internacional de Guarulhos”. Esse modelo de licenciamento é usado em redes como Disney, Target e Marriott.
Procurada, a SouthRock preferiu não comentar o assunto.
O Valor apurou que, pelo desenho do projeto, com um novo controlador a marca poderia acelerar a expansão no país, ao mesmo tempo em que seria iniciado um processo de ajustes internos para melhorar os resultados operacionais.
Segundo fonte a par do assunto, o plano inicialmente discutido considera a abertura de cerca de 60 novas lojas no país para os próximos três anos, atingindo patamar de 170 unidades em 2020. As inaugurações estariam concentradas em São Paulo e no Rio de Janeiro – onde já estão mais de 90% das unidades atuais – e não se estenderiam inicialmente a outras praças.
O acordo pode dar à empresa de private equity o direito de franquear lojas no Brasil pelo prazo de 20 anos e o prazo poderia ser renovável por mais 20 anos. O projeto poderia acelerar o processo de diluição dos custos e despesas da rede no país, para um aumento de margens. A margem de lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) da rede ficou em cerca de 2% em 2016, apurou o Valor e o plano de aquisição levaria a empresa atingir, nos próximos anos, taxas entre 10% a 20% ao ano.
No plano discutido, a empresa pretende contratar consultores locais em gestão e reestruturação para acelerar esses ganhos.
No Brasil, quem fez os primeiros contatos com a Starbucks foi Kenneth Pope, ex-diretor da Laço Management (empresa sócia da China in Box, Gendai, St Marche e Eataly). Pope criou a SouthRock há dois anos, depois que deixou a Laço Management. Executivos que já trabalharam na International Meal Company (IMC), dona das redes Frango Assado e Viena, formariam um novo time de gestão na cadeia de café, que poderia apoiar a equipe atual.
A SouthRock administra fundos de private equity com pouco mais de US$ 100 milhões em investimentos na área de alimentação e bebidas no Brasil.
A Starbucks começou a operar no Brasil em dezembro de 2006, por meio de um joint venture com investidores locais. A empresa no país era controlada pela Cafés Sereia do Brasil, com 51% do negócio na época. Os americanos tinham 49% do negócio. Em 2010, o grupo nos Estados Unidos anunciou a compra do restante da operação, tornando-se dono de 100% da Starbucks Brasil Comércio de Cafés.
Com isso, os americanos passaram também a gerenciar o negócio no país, quando a expansão orgânica se acelerou, especialmente com abertura em shopping centers, onde estão mais da metade das lojas no país.
Cerca de 70% das lojas em operação hoje foram abertas após a transferência da sociedade aos americanos, que controlam um negócio considerado muito pequeno para o tamanho da operação da rede no mundo.
A Starbucks é a maior rede de cafés do mundo, com vendas globais de US$ 21 bilhões, segundo números do ano passado, 11% acima do ano anterior, e com 27 mil cafeterias em 70 países. Com vendas na faixa de US$ 70 milhões ao ano no país, a operação representa cerca de 0,3% das receitas globais.
Fonte: Valor Econômico