Por um dia, em agosto, frequentadores de um supermercado da rede Edeka (a maior da Alemanha), na cidade de Hamburgo, tiveram que lidar com uma oferta bastante restrita de itens. Com o objetivo de confrontar o racismo e a xenofobia, uma campanha da empresa retirou todos os produtos de outros países das prateleiras do estabelecimento. Um vídeo do canal britânico Channel 4 mostra a escassez resultante da ação e os cartazes que ocuparam os espaços vazios das prateleiras, com dizeres como “em oferta hoje: bem menos diversidade” e “uma prateleira sem estrangeiros fica vazia”. Em nota, uma porta-voz da rede declarou que a cadeia de supermercados apoia a variedade e a diversidade, que só podem ser alcançadas com os produtos de outros países. O debate político em torno da imigração tem se acirrado ainda mais no país com a aproximação da disputa eleitoral pelo posto de chefe de Estado, que acontece no dia 24 de setembro entre Angela Merkel, chanceler alemã desde 2005, e o principal candidato da oposição, o social-democrata Martin Schulz. Representantes de partidos reagiram à iniciativa do supermercado. Julia Klöckner, vice-presidente da União Democrata-Cristã, partido de Angela Merkel, elogiou a campanha nas redes sociais, dizendo que faria as pessoas pensarem, segundo o jornal britânico The Independent. Desde 2015, a chanceler adotou uma política de acolhida com relação aos refugiados. Marcus Pretzell, do partido de direita Alternativa para a Alemanha, que é anti-imigração, se manifestou chamando a iniciativa do Edeka de “loucura”. Em outro espectro, houve quem tenha acusado a empresa de usar de uma questão política para uma manobra publicitária.
A política migratória da Alemanha
A política migratória de Merkel nunca foi unânime na Alemanha e já enfrentou momentos críticos de aprovação, como quando mais de 500 mulheres disseram ter sofrido assédio sexual nas ruas durante a festa de réveillon da cidade de Colônia, em 31 de dezembro de 2015, acusando homens estrangeiros pelo ato. Em contraste com a abordagem adotada por outros países do continente, Merkel abriu as fronteiras para a entrada de mais de 1 milhão de estrangeiros desde 2015. A chanceler também buscou o estabelecimento de cotas, privilegiando a concessão de refúgio a pessoas que efetivamente fugiam de perseguições ligadas a conflitos armados. Sua posição foi criticada até mesmo por membros do próprio partido.
Fonte: Nexo Jornal