A varejista de bolsas e malas Le Postiche sai de sua segunda reorganização em uma década, direcionando o negócio para o público de maior poder aquisitivo. O novo direcionamento ocorre depois que a companhia reestruturou as finanças, fez uma revisão nos fornecedores e terceirizou a operação logística.
A companhia, que deve atingir 78 lojas próprias e 145 unidades licenciadas em setembro, estima alcançar vendas de R$ 460 milhões ao consumidor final em 2017.
Em julho, as vendas cresceram 5% pelo critério “mesmas lojas”, que compara o desempenho dos pontos abertos há pelo menos 12 meses. A tendência de retração dos primeiros meses do ano começou a ser revertida em maio.
“A economia se recupera em velocidade menor do que esperávamos, mas a expectativa é terminar o ano com avanço de 7%, buscando um aumento de 10% em 2018”, diz o presidente da rede, Carlos Eduardo Padula. No ano passado, o recuo nas vendas “mesmas lojas” foi de 5%.
Aberta em 1978, a Le Postiche cresceu como varejista de produtos para viagem de diversas marcas, vendendo itens importados, e, depois, de marca própria. Em 2010, traçou um plano para consolidar a presença com o público feminino das classes B e C.
A crise econômica veio e, em 2014, comandada pelas duas filhas do fundador Álvaro Restanho e por diretores, a companhia contratou a consultoria Performa Partners para profissionalizar o negócio. O trabalho foi concluído no ano passadio e, em fevereiro deste ano, Carlos Eduardo Padula, ex-executivo da Hope e da Loungerie, passou a liderar a empresa.
Após as mudanças internas, a companhia está alterando gradualmente o visual das lojas, em um projeto que eleva em 30% os itens expostos. O portfólio, porém, deve ficar menor, com menos fornecedores. “Qualquer fornecedor agora tem de passar por dois crivos, o da exclusividade e o da rentabilidade”, diz Padula.
A rede firmou parceria com a marca Santa Marinella , dona de lojas próprias, mas sem vendas em multimarcas, e tem contratos com Uncle K, Farm, Bo.Bô e Ana Hickman. Em outubro, vai trazer ao país a marca de malas Echolac, que pertence ao grupo japonês Mitsubishi e é rival direta da Samsonite.
Há três anos, o portfólio da Le Postiche estava na faixa de preço de R$ 79 a R$ 179. Hoje, fica entre R$ 129 e R$ 399. Pela nova política comercial, promoções serão menos frequentes e os gerentes de loja terão menos autonomia para dar descontos. Isso deve adicionar de R$ 2 milhões a R$ 3 milhões de margem, segundo o presidente.
Como parte da reestruturação financeira, a empresa terceirizou a operação logística para a Volo, que atua com a marcas como Farm e Lacoste. A mudança deve permitir uma economia de R$ 1,8 milhão por ano. A Le Postiche operava com dois centros de distribuição próprios, em Vitória (ES) e Barueri (SP). Em 2016, passou a usar só um centro em Cajamar (SP), até terceirizar a operação neste ano.
A relação entre a dívida líquida e o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) saiu de quase 4 vezes para 2 vezes em 2016, por meio de renegociação com bancos e de um aporte do fundador. Em dezembro, essa relação deve cair para perto de uma vez e meia, diz Padula.
A reformulação nas lojas da Le Postiche ocorre num momento em que grandes fabricantes de malas investem no varejo brasileiro com lojas próprias ou franquias. A Samsonite pretende abrir 50 unidades franqueadas e 50 próprias no país até 2018. A rival Primicia tem plano de inaugurar 100 franquias em cinco anos.
Fonte: Valor Econômico