Uma verdade, que não é novidade, é que o Varejo no Brasil está passando por uma série de transformações. A nova geração de consumidores, diferentes canais de atendimento e compra, tecnologias disruptivas e demanda por inovação são aspectos que têm cada vez mais impactado o setor.
Mas, de fato, qual é o maior desafio do Varejo brasileiro? Esse desafio é o mesmo em todas as regiões do Brasil? Joaquim Garcia, especialista do setor, responde essas e outras questões em uma entrevista exclusiva à Decision Report. O executivo já ocupou cargo de CIO em grandes varejistas como no Grupo Pão de Açúcar, Livraria Cultura e International Meal Company.
Decision Report: Qual é o maior desafio do Varejo brasileiro diante das tendências de transformação digital e inovações tecnológicas?
Joaquim Garcia: Temos universos distintos dentro País: as redes gigantes brigando por fatias de mercado com agressividade e poderio financeiro e uma outra realidade que diz respeito aos varejistas de pequenas cidades e que estão estabelecidos regionalmente.
Em relação ao primeiro, a conjuntura econômica é o maior desafio da atualidade. A incerteza político-econômica que afeta empregos e, consequentemente, as vendas é o que bloqueia investimentos destas cadeias, apesar de já estarem com suas plataformas de analytics estáveis e começando a render frutos.
Já os varejistas regionais têm investido no analytics para entendimento do seu cliente.
DR: E essa realidade também impacta no digital? Estamos vendo o fim do Varejo como o conhecemos?
JG: As grandes cadeias estão investindo pesadamente no digital. Isto é fundamental, pois o consumidor está demandando e o mercado se ajustando, seja por redimensionamento de sua operação ou pela expansão em canais distintos.
Fica apenas um alerta: não podemos esquecer coisas relevantes como a Segurança da Informação. Em conversa com um fornecedor, foi me dito que CIOs estão comprando projetos “digitais” mas não querem saber de governança e proteção dos dados, por isso os ataques como Wannacry estão crescendo!
Já as redes regionais procuram entender o quanto o e-commerce, por exemplo, vai tirar o foco de sua operação física. É curioso, mas são as diferenças que este País de dimensões continentais nos trazem.
DR: E as tecnologias estão no mesmo patamar de transformação?
JG: Estive conhecendo soluções para automação do atendimento, a evolução das ferramentas foi impressionante de um ano pra cá. Inteligência Artificial, Análise Cognitiva, Máquinas de Aprendizagem e os Bots são, hoje, uma realidade nas áreas de atendimento e por que não engajamento, se o primeiro for bem feito!
Sem falar no uso interno que os Bots são fundamentais como ferramentas de apoio à operação, seja na disseminação da cultura e da estratégia pela empresa até como ferramenta de treinamento com conteúdo relevante, engajando o cliente interno cada vez mais. A informação é base para tudo isto!
DR: Até porque o Varejo gera uma montanha de dados com essas informações! Mas como transformar isso em tomada de decisão, que gera ações e resultados?
JG: A informação está aí, consolidá-la é uma questão de ferramental. Portanto, o ponto principal é a atitude. Primeiramente, a TI tem que assumir uma postura estratégica e isso só vem com a estabilização de suas operações e com uma equipe afiada, pois de outro modo não haverá tempo para pensar e agir estrategicamente.
O próximo, e natural, passo é o conhecimento através da exposição, ou seja, o CIO tem que estreitar relacionamentos para entender cada vez mais o negócio e poder oferecer o que pode alavancá-lo. Os processos, por via dos sistemas, já são dominados pelo CIO. Juntando tudo, o CIO está capacitado a assumir os projetos de transformação e inovação de uma empresa.
DR: Essa seria a receita do sucesso?
JG: Com certeza! Comece pequeno, teste, corrija, escale e amplie.
Fonte: Decision Report