A Natura informou nesta terça-feira, 20, por meio de fato relevante, que a L’Oréal concluiu de maneira favorável o processo de consulta ao seu conselho de empregados com relação à venda de 100% das ações de emissão da The Body Shop International e seu grupo de subsidiárias.
Assim, a Natura e a L’Oreal pretendem firmar um contrato de compra e venda de ações de emissão da The Body Shop, cuja assinatura está prevista para ocorrer no próximo dia 26 de junho de 2017, em Londres.
A Natura fez, no começo deste mês, uma oferta firme que estima o valor da The Body Shop em € 1 bilhão (US$ 1,12 bilhão). O negócio, porém, não foi bem recebido por analistas. O maior receio dos investidores está no que vai acontecer com o endividamento da companhia após a aquisição.
A The Body Shop pode representar uma “grande distração” para a companhia brasileira, na avaliação dos analistas do JPMorgan Joseph Giordano, Olivia B. Petronilho e Nicolas Larrain. Na opinião deles, divulgada em relatório logo após o anúncio da oferta feita pela Natura, a integração do ativo pode desviar atenção das iniciativas que a brasileira já vinha implementando de diversificação de canais.
A Natura anunciou que financiará a aquisição por meio de dívida, mas o mercado considera que a companhia de cosméticos poderia optar por uma emissão de ações no futuro para equilibrar seu balanço. Em relatório, o analista do Deutsche Bank, Marcel Moraes, considerou que o negócio poderia elevar o endividamento da Natura para perto de 3 vezes o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização).
O Deutsche já calculou que a elevação do endividamento da Natura deve gerar despesas financeiras líquidas da ordem de € 35 a 40 milhões de euros por ano. Para Moraes, essas despesas tenderiam a ofuscar a contribuição operacional positiva do novo negócio.
Otimismo. Ao anunciar a oferta, o presidente da Natura, João Paulo Ferreira, considerou que a aquisição da rede The Body Shop representa um “passo decisivo” para a internacionalização da empresa, que passará a ter presença em 70 países. Em teleconferência, o executivo deu poucos detalhes sobre os planos para o negócio cuja compra está em fase de conclusão, mas avaliou que a marca vai complementar a atuação da Natura.
Além da internacionalização, Ferreira destacou como objetivos da transação a aquisição de uma marca cujo ideal de negócios converge com o da Natura. Ele mencionou aspectos quanto a crença de desenvolvimento social e sustentável. O presidente da Natura avaliou ainda que o negócio traz complementaridade de canais, com o desenvolvimento do varejo e relações com franqueados.
Ferreira, que considerou o anúncio da negociação com a L’Oreal como “um dia histórico” para a Natura, disse que The Body Shop continuará como uma marca independente – assim como a australiana Aesop, comprada pela Natura em 2013.
A integração levará a Natura a um faturamento consolidado de R$ 11,5 bilhões, com 3,2 mil lojas. Apenas no Brasil The Body Shop possui 133 lojas.
Fonte: Estadão