O setor de shopping centers dá sinais de que pode ter começado a recuperar a sua capacidade de crescimento. De acordo com dados antecipados ontem pelo Valor Pro, as vendas dos lojistas de shoppings cresceram 4,4% em março em relação ao ano anterior, índice acima do previsto pela Abrasce, a associação do segmento, responsável pelo levantamento dos dados. A taxa supera o verificado em janeiro e fevereiro.
“Foi algo que nos surpreendeu e, em abril, apesar dos feriados, também devemos ter um crescimento nessa faixa de um dígito baixo […]. Nesse cenário, estamos considerando rever para cima a projeção de crescimento do ano do setor”, disse ontem o presidente da Abrasce, Glauco Humai. A previsão atual é de uma expansão de 5%, mas a entidade já considera possível atingir entre 7% e 8%.
Em fevereiro foi apurada retração de 1% nas vendas das lojas de shoppings e, em janeiro, houve leve alta de 0,5%. Os dados foram calculados com base em pesquisa com cerca de 120 centros de compras que disponibilizam os números para a Abrasce mensalmente.
A queda da inflação, que eleva o volume de renda disponível na economia, além da liberação do saldo de contas inativas do FGTS, tem sustentado essa melhora nos índices, na visão da entidade.
No início da noite de ontem, a Iguatemi informou ao mercado, em seu balanço do primeiro trimestre, que apresentou “resultados encorajadores, mesmo em meio a um cenário econômico ainda desafiador”. O foco de atuação da Iguatemi são as classes A e B. A receita líquida do grupo somou R$ 167,3 milhões de janeiro a março, uma alta de 4,3%.
“Apesar do cenário macroeconômico incerto, nossa receita líquida deverá crescer entre 2% e 7% em 2017 e a margem Ebitda ficará entre 73% e 77%”, afirmou o presidente da Iguatemi, Carlos Jereissati, nos comentários que acompanham os resultados. Em 2016, a margem Ebitda atingiu 78%.
Com a recessão, que afetou pesadamente o mercado de consumo no país a partir de 2015, os shoppings sentiram de forma mais dura a crise no ano passado – 2016 foi o pior ano do setor na última década, com expansão de 4,3% nas vendas brutas, para R$ 158 bilhões.
Ainda não há expectativa de retorno dos anúncios de investimento em novos shoppings por parte das grandes empresas, que reduziram os desembolsos com a crise. Apesar das expectativas mais otimistas, a maior parte dos investimentos tem ido para expansão dos empreendimentos já existentes.
Há 560 shoppings no país hoje. Em 2016 foram abertos 18 – a maioria, investimentos anunciados anos atrás, antes da crise. Neste ano, de janeiro a maio, foram apenas duas aberturas. Estão programadas pouco mais de 20 inaugurações entre junho e dezembro. É provável que parte delas fique para 2018, segundo a Abrasce.
A associação informou ainda uma projeção de alta de 8% nas vendas nos shoppings para o Dia das Mães, acima, portanto, da inflação acumulada no período, projetada na faixa de 4,5% em 12 meses, até maio. Em 2016, a alta nas vendas na data foi de 4%.
O número de consumidores nos shoppings pesquisados subiu 5% em março, segundo dado fornecido ao Valor pela Abrasce. Em fevereiro, a expansão foi de 1,3% e em janeiro, 1,4%.
O percentual de vacância de lojas no setor fechou 2016 em 4,8%, foi para 5,1% em janeiro (mesma taxa de fevereiro) e 4,9% em março. Em 2016, chegou a 5,9%. A inadimplência, que estava em 9% no fim de 2016, ficou em 11% em março.
Fonte: Valor Econômico