Voltado ao pequeno e médio comerciante, o Tribanco – braço financeiro do Grupo Martins, um gigante brasileiro do setor atacadista – fechou o ano passado com lucro líquido de R$ 68,1 milhões, alta de 21,8% em relação ao ano passado, apesar da retração de 6,2% do varejo no País em 2016, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o presidente da instituição, João Rabello, por estar ligado há 27 anos ao dia a dia do pequeno varejista, o Tribanco conseguiu antever tendências negativas para fazer o “dever de casa” e evitar uma deterioração dos resultados.
Ainda em 2014, o banco começou a se preparar para a recessão. Um dos termômetros usados para essa decisão foram os dados do próprio Grupo Martins. “Assim que detectamos que os pedidos começaram a cair no atacado, percebemos que o varejo sentiria o problema”, diz o executivo.
Para não ver os números piorarem, o Tribanco tomou medidas de austeridade: engordou o caixa, reduziu a expansão da carteira de crédito e iniciou uma “caça” a custos operacionais supérfluos, mas sem redução de quadro de funcionários.
Assim, conta Rabello, a instituição conseguiu controlar a inadimplência e apresentar resultados sólidos em um ambiente pouco favorável. Tanto em 2015 quanto em 2016, seu resultado líquido subiu 20% ao ano.
O trabalho com pequenos e médios varejistas, tanto na concessão de crédito quanto com serviços – como uma solução para agregar receitas de cartões de débito e crédito, por exemplo – permite ao banco ver 2017 com um pouco mais de otimismo. Após sua carteira de crédito crescer pouco mais de 1% em 2016, o Tribanco prevê alta de 5% no indicador em 2017.
Agora, tanto o comportamento dos clientes na renovação do estoque quanto as solicitações de empréstimos evidenciam que, aos poucos, o investimento começa a se recuperar. “Nos últimos dois meses, percebemos um aumento no número de clientes que pede empréstimo para reforma de lojas. Ainda não estamos no nível de 2014, mas o comportamento já mostra uma reação”, diz Rabello.
Colaboração. O trabalho colaborativo, que visa a garantir a sobrevivência do varejista, inclui um negócio na área de cartões que está em fase de expansão. “Ajudamos o varejista a deixar de depender do fiado. Criamos um cartão com a marca do lojista, para que ele possa fornecê-lo ao cliente. Também estamos entregando cartões com bandeira para parte desses consumidores”, explica o presidente do Tribanco.
O trabalho com o público-alvo específico chamou a atenção do International Finance Corporation (IFC), ligado ao Banco Mundial, que hoje tem fatia de 10% no Tribanco. A agência de classificação de risco Fitch também acompanha de perto a evolução do trabalho da instituição do Grupo Martins: em dezembro, diante dos resultados positivos apresentados, apesar da crise econômica no Brasil, colocou o “rating” do banco em perspectiva positiva.
Fonte: Estadão Economia