O que caracteriza uma startup? Entre tantas definições diferentes, gosto de pensar que uma startup é uma companhia sempre em busca de inovação. De mudança. De ouvir o cliente constantemente. Por isso, levanto a bandeira (por exemplo) de que a gigantesca Amazon ainda é uma startup, mesmo podendo lucrar bilhões se quiser.
Aqui no Brasil, uma empresa com R$ 350 milhões de faturamento ainda se entende como uma startup. Busca inovação, ouve os feedbacks. Trata-se da Reserva, de roupas – cujo foco está no cliente, na inovação. “Nosso tesão não está simplesmente no desenho de uma coleção para revenda. Ele mora na capacidade que nossa turma possui de testar novos conceitos, aprender com os erros e seguir evoluindo. Em todas as áreas da companhia, como logística, a tecnologia, produtos…”, afirma Rony Meisler, CEO da companhia.
O grande lance da companhia é não se entender como uma empresa de roupas liderada por estilistas. Não, as pessoas ali são mais do que isso. “Nós não somos varejistas e nem tampouco criativos ou estilistas. Nós somos empreendedores”, destaca Meisler. Isso dá um fôlego maior para que a companhia, que tem empreendedores que fazem o que deve ser feito no comando.
Ou seja: a companhia quer e se entende como uma startup, uma que tem um faturamento gigantesco. “As pessoas associam o termo startup a tecnologia ou internet. Discordo. Startups não são empresas, são pessoas com comichão na barriga e vontade de mudar as coisas”, salienta.
A inovação é o ponto chave de toda e qualquer startup. Tentamos levar startups brasileiras para o nível do Vale do Silício, a região mais inovadora do mundo. Temos duas iniciativas para ajudar nossos leitores a conhecerem e sua mentalidade. O primeiro é o Silicon Valley Conference, um evento que promete transformar São Paulo no Vale por um dia e o Silicon Valley Learning Experience, uma visita aos principais locais do Vale para falar com alguns dos principais nomes da região.
Inovação
A companhia garante que a inovação está em seu DNA e cita dois casos recentes: a Faça Você Mesmo e a loja Usereserva.com, no Fashion Mall. Ambas demonstram como pequenas melhorias de tecnologia podem melhor a vida das empresas.
A primeira, afeta os estoques – que como toda empresa de moda, dependem muito da coleção atual. “Precisávamos resolver o problema da altíssima sazonalidade dos estoques de varejo. Pensamos que seria inteligente caso conseguíssemos apenas produzir on demand”, conta o empreendedor.
Fizeram o teste. “Compramos a máquina e para testá-la lançamos o Faça Você, através do qual nossos clientes poderiam entrar no nosso site, escrever o que quisessem em suas camisetas e nós entregaríamos em 7 dias úteis. O consumidor pagava, nós produzíamos on demand na impressora e entregávamos. Eliminando assim o risco de estoque. Descobrimos que uma empresa Israelense estava lançando uma impressora têxtil capaz de imprimir camisetas com qualidade superior a serigrafia”, explica.
E o que aconteceu é que a inovação dele deu certo. “Foi um sucesso e a ferramenta evoluiu ao longo do tempo para um software de edição de imagem web através do qual milhares de pessoas físicas e jurídicas imprimem camisetas para uso pessoal ou revenda. A marca não é a Reserva, a marca são seus consumidores”, completa.
A outra inovação é uma loja física que não é bem uma loja física. É um showroom. “Nós somos obrigados a repor diariamente nossos estoques nas lojas. Isso é muito caro e danoso ao meio ambiente. Um dia eu sonhei que nós montamos uma loja na qual nossos clientes experimentavam, pagavam, mas ao invés de levar na hora nós mandaríamos aquela peça do Centro de Distribuição de bike para a casa deles. A loja teria apenas um mostruário para ser experimentado pelos nossos clientes”, conta.
A empresa fez e também deu certo. “Enfim, contei do sonho para a nossa turma que adorou e disse que colocaria de pé. Apenas 6 meses depois lançamos a loja física USERESERVA.COM no Fashion Mall. Além de louco o sonho foi eficiente porque após a abertura da nova loja nós vendemos 70% a mais por mês no mesmo shopping”, completa.
Ele quer te convidar
Por fim, Meisler faz um convite para todos os leitores do StartSe: assistir o desfile da companhia no São Paulo Fashion Week, amanhã, dia 17, às 18h (horário de Brasília). Você pode se cadastrar através deste link aqui.
É bom ver empresas que agem como startups tomando espaços tradicionais, como o São Paulo Fashion Week. Mostra que o mundo está mudando, mais aberto. “Nos tempos em que vivemos, as empresas tradicionais, da moda ou qualquer outro setor, precisam buscar a molecada cheia de sonhos e vontade de construção, dar liberdade e poder para mudar tudo. Do contrário eles farão isso sozinhos e serão uma baita pedra no sapato”, completa.
O importante na Reserva é não se tornar uma empresa tradicional e continuar como startup por muito muito tempo. “A empresa não nasce tradicional, ela nasce startup, só que em algum momento o seu fundador passa a amar mais o dinheiro que ganha do que o processo que o levou aquela condição financeira. E aí elas viram empresas pesadas e medrosas. Não queremos isso!”, termina.
Fonte: Startse