A rede paulista de moda jovem Handbook acaba de engrossar a lista de varejistas que precisou recorrer à recuperação judicial por causa da retração nas vendas do comércio. Diante das dificuldades, nada menos que 611 companhias do setor tiveram de pedir recuperação no ano passado, segundo a Serasa Experian. Trata-se de um número 51% maior do que o registrado em 2015.
A Handbook entrou com pedido de recuperação judicial na quarta-feira, na 1.ª Vara de Falências e Recuperação judicial da capital paulista. A dívida soma R$ 62,6 milhões, pouco abaixo do faturamento do grupo em 2016, de R$ 62,8 milhões. Entre os maiores credores da varejista estão os bancos Itaú, Bradesco, Santander e Banco do Brasil e grupos de shoppings, como BR Malls e Multiplan.
Criada há 25 anos em São Paulo, a Handbook está presente também em shoppings de Minas Gerais, Goiás, Paraná, Santa Catarina, Ceará e Distrito Federal. A companhia, ao pedir recuperação, seguiu várias outras do setor. Essa lista inclui GEP e Barred’s (de confecções); a B-Mart (brinquedos); e Darom Móveis e Eletrosom (móveis e eletrodomésticos).
Algumas empresas do ramo estão conseguindo evitar a recuperação judicial ao negociar a dívida diretamente com credores, sem a mediação da Justiça. É o caso da camisaria Colombo, que tem uma dívida de cerca de R$ 1,5 bilhão. O presidente da Colombo, Warley Pimentel, explicou que a negociação direta é facilitada quando a dívida está concentrada em poucos credores – o que é raro em empresas de menor porte.
Para o consultor Marcos Gouvêa de Souza, da GS&MD, a crise econômica foi particularmente prejudicial para pequenas e médias empresas, mais dependentes de crédito. “A recuperação que se verá pela frente será lenta e cautelosa.”
Dificuldades. Entre os problemas que afetaram a Handbook, que tem estrutura verticalizada de produção e criação, estão a queda nas vendas e os altos custos. Com o dólar mais alto, a vantagem econômica que a empresa ganhou ao transferir boa parte de sua produção do Brasil para a China se dissipou. Diante dos problemas, a companhia fechou lojas nos últimos meses não rentáveis – o total de unidades caiu de 51 para 37 – e mudou a estratégia de seu negócio.
De acordo com Sergio Setrak Zeitunlian, dono da Handbook, a companhia vai tentar se transformar em uma loja âncora para os shopping centers. A primeira experiência neste formato foi aberta em Goiânia, no fim de 2016. Além de roupas, a Handbook concentrará, nesses espaços, parceiros que venderão óculos, bijuterias e roupas de ginástica, por exemplo. “Uma loja âncora atrai muito mais consumidores, o que se reflete em vendas maiores.”
A reestruturação da Handbook é assessorada pelo advogado Bruno Kurzweil, sócio do Thomaz Bastos, Waisberg e Kurzweil Advogados.
Fonte: Estado de S. Paulo