Maior empresa de shopping centers do país, a BR Malls decidiu fazer uma reestruturação societária que deve levar a uma redução de sua carga tributária no ano que vem, informou o grupo a analistas nesta semana. A reestruturação deve ter efeito positivo sobre fluxo de caixa, num momento em que a companhia busca se desalavancar.
O grupo calcula que deixará de pagar R$ 250 milhões, em impostos, nos próximos cinco anos. O tema será votado em reunião de acionistas na segunda-feira.
Há um movimento de redução de estrutura, que deve levar à venda de mais shoppings – o grupo tem 45 empreendimentos e fez 39 aquisições nos últimos dez anos. O comando da companhia calcula que pode arrecadar cerca de R$ 500 milhões com a venda de ativos, segundo analistas. A venda de fatias minoritárias em shoppings pode ser anunciada nos próximos 12 meses.
O foco da venda de ativos serão os shoppings administrados por terceiros nos quais a BR Malls não tem posição de controle. Estão nessa situação o São Luís Shopping, no Maranhão; o Minas Shopping, em Minas Gerais; o Top Shopping, no Rio de Janeiro; e o Osasco Plaza Shopping, em São Paulo.
Em relação à reestruturação societária, isso deve envolver a incorporação da Ecisa, uma das empresas do grupo, pela BR Malls Participações, e deverá reduzir o lucro tributável combinado da empresa. Pelos cálculos de analistas do Credit Suisse, para 2017, a expectativa é de uma redução de R$ 50 milhões em impostos sobre o rendimento, o que elevaria o fluxo de caixa operacional (FFO) em cerca de 12%, calculou o banco em relatório.
Em termos operacionais, a BR Malls não crê numa melhora significativa nas métricas de desempenho (taxa de vacância, crescimento de vendas e do aluguel) no primeiro semestre de 2017. Os descontos para lojistas estão na faixa de 6%, versus uma média histórica de 2%, e a gestão disse esperar que a atual fase de descontos temporários gradualmente se reduza a partir de metade do ano que vem, quando a situação macroeconômica deve começar a melhorar.
Segundo a diretoria financeira da BR Malls, o difícil cenário macroeconômico tem pressionado os resultados em várias linhas. “Ele [CFO da empresa, Frederico Villa] disse que a linha superior [vendas] está sendo prejudicada por R$ 50 milhões em descontos [para lojistas] e pelas áreas vagas e o EPS [ganho por ação] está sofrendo com impostos e despesas financeiras de R$ 125 milhões”, escreveu o analista do BTG, Gustavo Cambauva.
O comando ainda ressaltou que a redução de alavancagem deve permanecer como foco principal no ano que vem, como efeito do aumento de caixa e venda de ativos. A relação entre dívida líquida (excluindo emissão de bônus perpétuos) e lucro entre juros, impostos, amortização e depreciação estava em 2,9 vezes em setembro de 2015, e foi a 3,3 em setembro deste ano (era de 3,6 vezes em julho).
Especialistas do mercado entendem que a BR Malls está tentando ganhar mais eficiência, ao se desfazer de ativos menores e diminuir despesas, enquanto se concentra na redução do endividamento. É um movimento que ocorre ao mesmo tempo em que a companhia discute mudanças internas, na remuneração