O blockchain vem ganhando cada vez mais destaque como uma forma eficaz e barata para validação de transações entre entidades desconhecidas. Mas, apesar da oportunidade enorme para a tecnologia no futuro, o Gartner recomenda que os CIOs devem construir uma lista de casos com potencial de uso para sua própria indústria discutir com o CEO.
O blockchain funciona como uma espécie de livro contábil ou “registro” público permanentes de todas as transações e de eventos significativos, como transações monetárias, registros de propriedade ou outros bens de valor, que podem potencialmente substituir complexos sistemas de clearing. É um mecanismo para adicionar confiança em um ambiente inseguro.
Em apenas um mês, analistas documentaram 130 casos de uso de blockchain em diferentes setores e o número está crescendo rapidamente. O Gartner prevê que, até 2022, um negócio inovador construído com base em blockchain valerá US$ 10 bilhões.
Entre as aplicações da tecnologia, o instituto de pesquisas cita um sistema de credenciamento entre universidades para fornecer certificados de conclusão de curso e notas; o registro para identificação de diamantes em que o corte, cor, claridade e quilate de cada pedra são registrados em um livro contábil para evitar fraudes; o rastreamento da origem de produtos frescos na China como carne ou leite; e um sistema de título de terras para fornecer evidência de propriedade em mercados emergentes, entre outros.
O Gartner observa, no entanto, que o bitcoin (moeda digital) ainda é o único método comprovado de blockchain em funcionamento. O vice-presidente de pesquisas e fellow do Gartner, David Furlonger, afirma que as implicações do blockchain para a sociedade vão além da nossa imaginação.
“Isso não é sobre a tecnologia, é sobre confiança. Temos agora uma capacidade digital para representar qualquer tipo de valor que seja emitido de forma privada. Você pode se tornar seu próprio banqueiro, agente de seguros ou casa de câmbio. O que isso significa para a forma como a sociedade funciona hoje? Quais são as implicações para a governança, para os sistemas fiscal e jurídico?”, questiona Furlonger.
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Ele observa que muitas das soluções que estão sendo desenvolvidas utilizando a tecnologia de blockchain podem ser projetadas utilizando sistemas existentes, que já foram testados e comprovados, como os bancos de dados relacionais hospedados em Nuvem. “A maior parte dos exemplos que estamos vendo pode ser classificada como ‘blockchain washing’ [a utilização do rótulo tecnológico aplicado a uma solução, produto ou serviço já existente].”
Segundo o Gartner, até 2018, 85% dos projetos chamados de blockchain entregarão valor de negócio sem utilizar um blockchain”, afirma Furlonger. O analista diz que que não está convencido de que a sociedade está pronta para a autorregulamentação e o potencial uso ilegal da tecnologia. “Existem diversas possibilidades, como aderir ao uso de criptomoedas e outros serviços de blockchain já existentes ou aceitar que teremos um retrocesso, por exemplo.”
Furlonger ressalta, porém, que os governos têm a opção de intervir e tentar exercer algum controle. “Provavelmente haverá um impulso em que as pessoas vão se acostumar com a aplicação tecnológica e tornar-se cada vez mais confortáveis com ela. Acredito que o blockchain mudará fundamentalmente a sociedade em que vivemos. Não amanhã, mas durante nossa vida”, completa o executivo.