Em 1992, Robinson Shiba deixou a carreira de dentista para apostar em um ramo até então pouco explorado no Brasil: o de culinária asiática. A rede de comida chinesa China in Box começou em outubro de 1992; o Gendai, de pratos japoneses, foi aberto em novembro do mesmo ano. “Nosso sonho era ter dez restaurantes de cada marca, todos próprios. No Gendai, a expansão foi mais lenta, porque poucas pessoas gostavam de comida japonesa na época. Mas o China in Box gerou muito interesse. Na primeira feira de franquias de que participei, em 1994, vendi 35 lojas”, afirma Shiba.
O franchising não estava nos planos iniciais de Shiba, mas se tornou um caminho natural para a expansão das marcas. Os 15 primeiros franqueados do China in Box eram amigos do empreendedor, e foi assim que a rede se desenvolveu. “Sempre administrei a empresa considerando os franqueados meus amigos. A maioria deles está comigo há 20 anos. Nós aprendemos juntos”, diz Shiba. Cada parceiro tem em média duas lojas.
No ano 2000, o China in Box já contava com cem lojas, e o Gendai, com 20. Ao longo dessa década, o franchising brasileiro passou algumas mudanças: houve fusões e aquisições em setores do varejo, como as redes de farmácias e vestuário. “Percebi que o mesmo iria acontecer com as empresas de alimentação”, afirma Shiba. Até então, ele tinha sócios diferentes no China in Box e no Gendai. A estrutura de back office era duplicada. Era o momento de fazer uma fusão. Em 2007, nasceu o grupo Trendfoods.
Em 2012, após dois anos de negociação, o fundo de private equity brasileiro Laço Management fez um investimento no grupo. O fundo obteve uma participação minoritária nas marcas – o valor do aporte não foi divulgado. “Aproveitamos a entrada de capital para acelerar o crescimento com lojas próprias”, diz Shiba. “Era um momento econômico muito bom no Brasil.”
A crise econômica trouxe um impacto negativo nas vendas do China in Box e do Gendai. “O segundo semestre de 2014 e o ano de 2015 foram os piores períodos da história das redes. Mas em 2016 há uma sinalização de retomada”, diz o empreendedor. “No segundo semestre deste ano, vimos uma nítida melhora de performance nas lojas.” A expansão está mais cautelosa: foram duas inaugurações de China in Box e uma de Gendai neste ano. O próximo ano também será de cuidados para o grupo, que tem 216 lojas franqueadas no total. “Não podemos por em risco o dinheiro do franqueado”, afirma Shiba.
Nome: Robinson Shiba
Idade: 49
Onde nasceu: Maringá, no Paraná
Onde mora: São Paulo
Que empresa fundou: As redes Gendai e China in Box e a aceleradora WBE. Estou prospectando algumas startups que atuam com energia e tecnologia. Meu filho Rafael, de 26 anos, também é sócio. Entrei nesse ramo para manter um pouco do espírito de emoção do empreendedorismo.
O que faz: Eu me relaciono. Essa é a minha principal função.
Quem o inspira no empreendedorismo: Além dos grandes titãs, como Jorge Paulo Lemann, Bill Gates e Steve Jobs, eu me inspiro em qualquer pessoa que pratique o bem. Até mesmo as coisas mais simples, como dar o lugar para alguém mais velho sentar. Eu me inspiro em bons valores e ações.
Qual negócio queria ter criado: Um teletransportador de matérias.
Ser empreendedor é: Gostar de gente.
Como ser um bom chefe: É preciso ser uma referência e ter uma atitude coerente com o discurso. Essa regra também vale para ser franqueador. Eu odeio frase “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.
Um sucesso: Ser feliz.
Um fracasso: Ser triste.
O que não pode faltar num negócio: A alegria de tocar o negócio e de se relacionar com as pessoas. Se não houver felicidade dentro do negócio, a rotina se torna uma tortura.
Já faliu: Não.
Em qual negócio jamais apostaria: Na política.
Sua principal inovação: Ter popularizado o consumo de comida oriental, tanto chinesa quanto japonesa, no mercado brasileiro.
Um desafio: A sucessão, não só das empresas, mas também dos franqueados da rede. Temos como objetivo planejar os detalhes dessa transição: em que momento vai acontecer, quais serão as condições da empresa e os pré-requisitos para a definição do sucessor. Minha família atua no negócio. Minha mulher, Márcia, trabalha comigo. Meu filho, Rafael, tem 26 anos e é formado em hotelaria. Hoje, está em uma consultoria. Está nos meus planos que ele venha a fazer parte do negócio, mas tenho de ver se isso é a vontade dele. Além disso, ele precisa estar preparado para ser um bom gestor. Minha filha, Sabrina, tem 16 anos e está estudando no Canadá.
Um medo: Não conseguir perpetuar as marcas que eu criei.