Passar um dia sem o smartphone realizando atividades rotineiras como ir à academia, trabalhar e fazer compras é motivo de sofrimento para mais da metade dos millenials brasileiros. Sentimentos negativos como falta de controle, sensação de abandono, desconforto e angústia foram apontados por 55% dos respondentes da pesquisa Radar Jovem de 2016, que analisou como o smartphone tem impactado as relações de consumo. Apenas 18% foram indiferentes e 27% afirmaram que tiveram sentimentos positivos como liberdade, leveza, foco e maior interação social.
Apesar de parecer muito pessoal, essa emoção negativa aflorada pode impactar a decisão de compra do consumidor se ele estiver neste momento. Um dos entrevistados pela B2 na realização da pesquisa afirmou que a sensação que tinha era de que havia esquecido a lista de compra do supermercado, pois estava sem o seu celular. A mulher de 28 anos afirmou que comprou itens desnecessários e esqueceu outros. Para ela, o smartphone faria a diferença para lembrar toda a relação de compra. Entre o ponto positivo da experiência foi prestação atenção ao redor e ainda se comunicar com outros clientes próximo às gôndolas.
O caso da consumidora é apenas um de alguns relatados pela pesquisa, que pediu a 90 jovens de todo o país que realizassem atividades rotineiras sem o aparelho e que descrevesse a experiência e sensações. A proposta não usual traz insights importantes para as empresas que querem se relacionar com este público. A proposta do levantamento, inclusive, é traçar um raio-X do comportamento e das relações de consumo do público jovem e aponta a influência dos canais digitais. Realizado em três etapas, sendo esta experiência uma delas, o estudo deixa claro que as marcas ainda não sabem dialogar com este público.
Atividades x Sentimentos
Na análise atividades x sentimentos, a percepção positiva foi maior entre quem estava praticando exercícios físicos, em momentos de lazer, trabalhando ou em restaurantes. A negativa foi mais latente entre quem estava dirigindo, pela falta dos GPS, e fazendo compras. O resultado da pesquisa reforça que o smartphone possibilitou uma mudança na forma em que realizamos quase todas as nossas ações: ouvir música, dirigir, treinar, escolher restaurantes, interagir e muito mais. Para algumas delas, como dirigir, de fato, ele vem se tornando fundamental.
Para a maioria das demais atividades, o smartphone vem preenchendo lacunas de ócio que antes eram preenchidas com interação social, interação com o meio etc. Assim, surge a questão: como comunicar-se com um público que tem uma relação extremamente dependente com um “simples” dispositivo móvel? A utilização do mobile já está consolidada e é um caminho sem volta. Muitos dos entrevistados que sentiram falta do aparelho, afirmaram que o maior incômodo foi ficar sem ter acesso às redes sociais e impossibilitados de compartilhar suas experiências. E é neste ambiente que muitas marcas estão com dificuldade em atuar.
Outra fase do estudo realizado pela B2 analisou o nível de satisfação das empresas em relação às campanhas digitais. O estudo descobriu que das 60 empresas pesquisadas, 41% estão satisfeitas com suas estratégias digitais. No entanto, o investimento apurado não revela a valorização ideal. Os principais receios das marcas em relação à eficiência dos meios digitais são: qualidade da interação (19%), dificuldade de definir o foco das campanhas (17%), poluição de conteúdo (13%), imprevisibilidade das reações (11%) e efemeridade da informação no meio, tanto para o sucesso quanto para o fracasso (8%).