Envolver os funcionários é essencial para ter bons resultados no combate às perdas. Mesmo cientes disso, muitos varejistas ainda têm dificuldades nessa tarefa. A mudança de cultura deve vir das lideranças, mas a equipe precisa de incentivos. Quem garante é Eduardo Batoni, especialista em prevenção e controle de quebras e perdas. Para ele, criar algum tipo de premiação para a equipe é o “pulo do gato” para o programa de prevenção ter sucesso. De acordo com ele, a estratégia vale a pena. “Um projeto bem conduzido, o que depende fortemente do engajamento das pessoas, pode levar a um aumento de 0,7% a 1% do lucro líquido do supermercado”, afirma.
Entre as iniciativas possíveis, diz Batoni, está repartir com os colaboradores parte do valor que a empresa deixar de perder. Também é possível utilizar o recurso para comprar ingressos de cinema ou realizar algum jantar ou churrasco para a equipe. O importante é os funcionários se sentirem valorizados e recompensados. “Em uma loja de roupas que atendemos, chamamos num sábado as famílias dos funcionários e explicamos o programa e seus objetivos. No final, anunciamos que, se a meta fosse alcançada, iríamos sortear um presente para os cônjuges”, conta Batoni. “Além de envolver os familiares, a iniciativa faz com que eles se tornem ‘patrulheiros’. Ou seja, questionem atitudes suspeitas dos maridos e esposas, como levar para casa algum produto mais caro, que foge ao hábito da pessoa”, afirma.
Há ainda outros cuidados que podem ser tomados pela empresa. Entre as recomendações, Batoni afirma que é possível tentar ser mais assertivo na contratação. “O RH pode, por exemplo, criar uma série de perguntas que visem identificar se há algum ‘desvio’ de comportamento do candidato”, diz. Ele cita como exemplo fazer três ou quatro perguntas, num questionário, que pareçam sem propósito. “São questões como: o que a pessoa faria se encontrasse 5 mil reais e o que faria se encontrasse, por exemplo, algo mais simples, como um lápis. A ideia é analisar valores morais”, afirma.
Segundo o especialista, para o combate às perdas e quebras dar certo, é preciso ainda analisar processos e redesenhá-los sempre que necessário. “O objetivo é identificar onde estão os riscos. Mas, para isso, o ideal é inicialmente trazer algum profissional que esteja fora do processo. Essa pessoa consegue ter um olhar diferente, pois não tem os hábitos internos”, explica Batoni. Ter controle também é importante. “Deve-se fazer um inventário, para saber exatamente o que a empresa tem em estoque ou de patrimônio. Só assim, é possível saber se está faltando algo. Criar um canal de denúncias interno também pode ajudar a empresa”, conclui o especialista.