O mercado de luxo corre o risco parecer um nicho para poucos, mas algumas das ideias e inovações adotadas por empresas desse meio realmente extrapolam o “comum” em busca do disputado cliente – e, quem sabe, podem servir como base para empreendedores de outras áreas.
O site TrendWatching, um observatório de tendências para o comércio, listou cinco atitudes e medidas que, nos próximos anos (começando por 2017), devem se tornar uma prática para todo o mercado de luxo. Veja quais são
1) A busca pelo “eu próprio” essencial
Existem pessoas satisfeitas consigo mesmas e existem aquelas que saem de casa na busca por um “novo eu”. Para as segundas, há uma enorme gama de possibilidades no mercado de luxo, mas tudo depende de quão inovador a marca conseguirá ser.
Em 2017, espera-se que esse público tente se mudar – ou queria ser visto tentando subir – de patamar na vida. A lógica é a seguinte: “meu cliente busca saber quem ele é; a minha função será torná-lo melhor“.
Com isso em mente, fica mais fácil pensar em produtos, serviços e experiências inovadores que combinem a busca do cliente às suas exigências de luxo. Se o projeto ainda for inédito – algo do gênero “estou fazendo algo do qual você com certeza nunca ouviu falar” -, melhor.
Mas cuidado: o produto não pode remeter o cliente à sensação de autopiedade – ele quer se descobrir, não sentir pena de si mesmo.
Quem se hospeda no Mandarim Oriental, em Barcelona, por exemplo, tem pacotes à disposição sob medida que contam até com “coaches” e atividades físicas (o mais barato sai € 2 mil para duas pessoas).
BÔNUS: para o futuro, tenha em mente que o mercado para quem busca uma reorganização pessoal se baseia nas experiências do consumidor. Ou seja, se o cliente conseguir compartilhar sensações novas e histórias positivas, você está no caminho certo.
2) Importância dos dados
Consumidores sabem que seus dados serão – ou, ao menos, têm a chance de ser – utilizados pelas lojas, seja para gerar leads ou ter acesso a outras informações valiosas para o mercado. Mas hackers também estão cientes disso, e farão de tudo para ler esses dados, principalmente quando se trata do mercado de luxo.
O que fazer para se destacar entre o público, então? Prover segurança, segurança e mais segurança.
Apesar de depender da área de tecnologia, a verdadeira tendência apontada pelo site é o estado de paz que a empresa é capaz de oferecer. Ou seja: o cliente deve ficar com a consciência tranquila na hora de adquirir um produto ou serviço.
A famosa marca de joias Bvlgari, por exemplo, lançou o aplicativo “Bvlgari Vault” para as transações eletrônicas. Ele guarda as informações dos usuários em um cofre de segurança máxima na Suíça. Para acessar esses dados, o cliente precisa seguir uma série de protocolos de segurança, como reconhecimento facial e impressão digital.
Além da importância óbvia de proteger os dados do consumidor, há ainda uma outra boa justificativa para investir em segurança: aumentam as chances de os UNHWIs (“Ultra High Net Worth Individuals”, pessoas com altíssimo poder aquisitivo e de influência) fazerem propaganda positiva e apontarem o caminho da sua empresa na direção de novos clientes.
3) Clientes sem culpa
Só para citar um exemplo: em junho deste ano, a revista Fortune divulgou um levantamento mostrando que 17 novos bilionários haviam se juntado ao “The Given Pledge”, grupo iniciado por Warren Buffett and Bill and Melinda Gates e cujos membros ultra-ricos dispõe suas fortunas a causas sociais.
E por que eles fazem isso? Por pura caridade?
Não. Hoje, as marcas são avaliadas não apenas pela qualidade de seus produtos mas também pelos ideias que promovem. E não há qualquer cliente satisfeito com uma marca que o faça sentir-se culpado.
Um ótimo exemplo é a Diamond Foundry, empresa americana que fabrica diamantes cuja composição é idêntica a dos materiais encontrados originalmente em países africanos. Com isso, a companhia abastece o mercado de joias e, ao mesmo tempo, entrega um produto produzido sem exploração de mão-obra-escrava.
4) Extravagância
Algumas das facilidades recentemente criadas – como o Uber – oferecem algo antes reservado ao mercado de luxo: além da total liberdade, uma sensação de “ser o patrão”.
Quem sempre fez parte das faixas mais abastadas da população experimentou desde cedo o gosto da exclusividade. Mas, agora que ele tem se tornado comum, como atrair esse público?
Uma empresa em Cancún teve a seguinte ideia: por que não oferecer serviços de táxi em carros de luxo, tudo por meio de aplicativos de celular?
O resultado foi a criação do “Quiero Taxi Exotico”, app que coloca à disposição de turistas, principalmente, carros como Ferrari, Lamborghinis e Mercedez-Benz (veja na foto abaixo). Os preços, obviamente, variam de acordo com os veículos escolhidos.
5) Novos modelos demográficos
Para definir estratégias de venda, a tendência é cada vez mais deixar de lado os modelos antigos baseados em idade, gênero, localização e faixa de renda.
O próximo ano reserva aos players de luxo diversos desafios: criar formas novas de avaliar seu público, inclusive adotando novos posicionamentos frente aos clientes.
Não parece fácil, mas a Lamborghini parece ter entrado nessa nova era. Ela apostou em uma SUV, que deve ser lançada em 2018, voltada para mulheres (tanto solteiras quanto com família constituída), o que contrasta com o seu logo, justamente um touro.
“Um touro é sempre agressivo, mas eu gostaria de introduzir uma nova filosofia para o nosso futuro: um touro pode ser gentil também”, explicou Stefano Domenicali, CEO da empresa cujo público feminino feminino corresponde a cerca de 5% dos consumidores totais.