A varejista norte-americana Walmart publicou nesta quinta-feira (18/8) resultados do segundo trimestre no Brasil, com leve queda de 0,4% em vendas líquidas, reflexo em parte do recente fechamento de 60 lojas e de um cenário de desaquecimento no consumo. O tráfego de clientes voltou a cair, com redução de 3,5% – não há expansão nesse indicador há 13 trimestres, antes mesmo da crise econômica.
O valor médio dos tíquetes subiu 8,2% de abril a junho – mesmo crescimento do primeiro trimestre – consequência, em parte, do efeito inflacionário, com a alta dos preços nas lojas. O aumento no valor do tíquete tem sido constante nos números da rede, mas ocorria em velocidades menores do que neste ano – em 2015, a alta variava entre 2% a 4%, a depender do trimestre, o que pode refletir repasses maiores de inflação da indústria ao cliente e uma forma de proteger rentabilidade.
Para comparar os períodos num prazo maior de tempo, o Valor levantou o desempenho de tíquete, vendas, tráfego e lucro bruto por trimestre nos últimos quatro anos na empresa.
Em relação ao lucro bruto, houve redução no montante de abril a junho, mas o grupo não informa os números, apenas se houve aumento ou queda. No trimestre anterior, de janeiro a março, também houve diminuição. Neste indicador, os resultados são mais inconstantes – há um sobe e desce trimestral desde o início de 2014.
Em teleconferência ontem (18/8) sobre os resultados globais, o comando do grupo chamou atenção para o que considera aspectos positivos do negócio no Brasil, como a alta de 4,7% nas vendas das lojas mais antigas (em operação há mais de 12 meses) e o desempenho do negócio de atacarejo da empresa, com a rede Maxxi Atacado.
Atacarejo vai bem
Brett Biggs, diretor financeiro do Walmart no mundo, disse aos analistas que o formato de atacarejo no Brasil “continua a performar bem e entregar crescimento novamente neste trimestre”. De janeiro a março, puxadas pelo Maxxi, as vendas de lojas em operação há mais de 12 meses subiram 4,5%.
Na apresentação aos investidores, há ainda a informação de que houve um aumento no lucro operacional no País no período, apesar de vendas fracas. A explicação pode estar num processo de ganho de sinergias com o fim das integrações das lojas no país. Por anos, unidades do Sudeste, Sul e Nordeste que haviam sido adquiridas nos anos 2000 operaram com sistemas separados.
De três anos para cá, a rede colocou projetos na gaveta, segurou expansões e começou a unir os sistemas. E esse processo terminou semanas atrás. Com ele, os estoques ficam interligados e a empresa consegue, por exemplo, ver o que falta ou sobra em cada ponto.
A empresa tem 485 lojas no Brasil e não fez aberturas este ano – foram dois anúncios de fechamentos de pontos deficitários desde 2014. Em fase de reestruturação e com três trocas de presidente em seis anos, a rede implantou nova política comercial e tenta adotar aqui práticas de vendas do grupo no mundo.