Mercado significativo para economia brasileira, representando R$ 130 bilhões em 2015, o varejo de vestuário no Brasil tem enfrentado desafios expressivos. Soma-se à crise econômica do país, que exige cada vez mais criatividade e oferta de custo-benefício das empresas, a pressão sobre as lojas físicas frente à migração para venda online. Como resultado, as vendas e o número de lojas permanecem praticamente estáveis, sem crescimento. Nesse cenário, a McKinsey, uma das maiores consultorias do mundo, indica quatro tendências que terão impacto relevante nas indústrias de vestuário e calçados na próxima década, conforme apresentado por Pedro Guimarães, sócio da McKinsey, durante a Febratex, em Blumenau.
Omnicanal. O advento do canal digital redesenhou a Jornada de Decisão do Consumidor, levando a uma explosão de pontos de contato. Se antes os consumidores costumavam apenas a filtrar uma seleção de marcas até escolher uma; hoje, são impactados das mais diversas formas: redes sociais, avaliações de sites de comparação de preços e produtos, blogs etc. A jornada de decisão do consumidor – antes basicamente um funil – apresenta-se agora como um verdadeiro emaranhado de informações e possibilidades de caminhos e escolhas. Dessa forma, o trabalho estruturado de gestão integrada de todos os pontos de contato com o consumidor passa a ser ainda mais fundamental para o bom resultado das empresas varejistas.
Fast Fashion. Tendência global e mantra dos varejistas locais, exige produtos novos, mais coleções e necessidade de reação dentro da estação; alta capacidade de resposta às mudanças na demanda dos consumidores e ofertas imbatíveis a preços razoáveis. É a fórmula utilizada hoje pelas grandes varejistas de moda brasileiras, que, para aumentar a percepção de fashionability que domina o fast fashion investem em coleções especiais com designers e em lojas mais modernas.
Parceria indústria e varejo. O foco do setor é buscar o equilíbrio ideal entre custo, velocidade e qualidade. Relacionamentos transacionais “clássicos”, de fornecedores com muitos fornecedores, sem programas de desenvolvimento conjunto e compartilhamento de benefícios, não são mais suficientes. É imprescindível o investimento em relacionamentos estratégicos e de longo prazo para gerar vantagem competitiva e, consequentemente, melhor produto, melhor entrega, melhor receptividade e melhor compliance.
Consolidação e formalização do setor. O varejo de vestuário e calçados ainda é extremamente fragmentado no Brasil, com a participação dos principais players em torno de 15%. As confecções que vendem peças aos varejistas são bastante fragmentadas e a maior parte trabalha na informalidade, por vezes com trabalhadores em situação informal: estima-se que existam 40 mil pequenas confecções, sendo apenas 6 mil formais. Além disso, os preços de roupas no Brasil estão entre os mais altos do mundo, o que impulsiona consumidores a comprarem fora do país, importarem produtos do exterior sem pagar imposto de importação ou adquirirem peças falsificadas. Faz-se, dessa forma, em prol do crescimento do setor, ainda mais urgente sua formalização.
Fonte: O Negócio do Varejo