Quando a rede americana CVS, que tem mais de 7 mil lojas nos Estados Unidos, chegou ao Brasil, em 2013, a expectativa era grande. Esperava-se que a aquisição da Onofre fosse só o primeiro passo da companhia. Três anos mais tarde, porém, quase nada ocorreu. A Onofre, hoje com 47 lojas, perdeu posições no mercado e nem figura entre as dez maiores redes do país. Antes de crescer, o negócio, que hoje fatura R$ 375 milhões, poderá fechar até um quarto de suas lojas atuais.
A aquisição da Onofre custou cerca de R$ 600 milhões – valor que, na época, foi considerado agressivo por analistas -, o que fez mercado entender que a CVS faria apostas ousadas no Brasil. No entanto, o processo de adaptação ao país não teria sido fácil. Agora, a CVS tenta reaver, em arbitragem, cerca de R$ 100 milhões por causa de problemas do negócio que teriam sido revelados posteriormente. A reportagem apurou que a demanda estaria sendo rebatida pelos antigos sócios da rede.
Nos últimos anos, a nova gestão da Onofre se dedicou a mudanças internas – como a adaptação do negócio às normas americanas de compliance -, enquanto a CVS chegou a considerar passos ousados no Brasil, que não se concretizaram. Um deles foi a compra da vice-líder do setor, a São Paulo/Pacheco, por cerca de R$ 6 bilhões. À reportagem, uma fonte afirmou que outras dez redes de pequeno e médio porte teriam sido avaliadas pela americana, que acabou não fechando negócio algum para se dedicar à reestruturação da Onofre.
Redução
Uma das medidas ainda a serem tomadas dentro deste processo seria o fechamento de lojas de pequeno porte (de cerca de cem metros quadrados), que representam 25% do total dos pontos da Onofre (ou cerca de 12 unidades).
Após mudar o design da marca, a Onofre agora abriu algumas lojas – entre elas a de Alphaville – que devem representar o futuro da rede, com cerca de 300 metros quadrados de área. “As lojas pequenas não são rentáveis, pois o custo de mantê-las abertas é quase o mesmo das unidades maiores”, explicou uma fonte.Dados da Abrafarma, associação que reúne farmácias e drogarias, confirmam o processo de encolhimento da Onofre em relação à concorrência. Em 2011, a companhia aparecia na 8.ª posição do ranking nacional da entidade. No ano passado, caiu para o 17.º lugar.
Para especialistas, a opção de reorganizar a casa sem crescer de forma significativa pode ser um problema sério. “O total de lojas da Onofre é quase equivalente ao número de unidades que a Raia Drogasil abriu somente entre abril e junho”, disse o analista Guilherme Assis, do banco Brasil Plural.
Em relatório recente, Assis alertou que, caso a tendência de recuperação da economia se confirme, o crescimento do setor de drogarias deverá ficar mais próximo do resultado geral do mercado. Em 2015 e 2016, em razão da crise, o setor se descolou da economia e ganhou muito valor na Bolsa, mas, à medida que fica com mais dinheiro no bolso, o consumidor deve dar mais atenção a itens que ficaram em segundo plano nos últimos anos, como móveis, eletrodomésticos e roupas.
Procurada, a Onofre não deu entrevista. Disse apenas que suas ações atuais visam a uma estratégia de longo prazo. A família Arede, ex-dona da Onofre, não retornou o contato da reportagem até o fechamento da edição. No fim de 2015, fonte próxima à família disse que os empresários viam o pedido da CVS como infundado.