Enquanto muitos estabelecimentos fecham as portas, outros vão na contramão mesmo em meio à crise econômica no Brasil. As redes de restaurantes Wendy’s, Taco Bell e Fleming’s, por exemplo, estreiam por aqui neste ano, vindas dos Estados Unidos.
“Quando iniciamos o planejamento, o cenário era outro”, diz o diretor-executivo da Wendy’s Brasil e da franqueadora Inifinity Services, Marcel Gholmieh. “Mesmo com tudo o que aconteceu, acreditamos ainda mais no projeto. E tem tudo para dar certo.”
A crise teve até um lado bom, segundo ele: deu margem para negociar com fornecedores e ocupar endereços antes muito disputados. “São oportunidades que não surgiriam no mercado aquecido. São Paulo está cada vez mais cara.”
Campinas e Sorocaba no radar
Conhecida por seu hambúrguer quadrado, a Wendy’s inaugurou a primeira loja em São Paulo em meados de julho. A rede tem 6.500 franquias e restaurantes próprios no mundo e diz ter um plano de expansão de longo prazo no Brasil, mas não cita número de lojas ou prazos.
“Queremos entender se nosso modelo está certo para depois acelerar. Cidades como Campinas e Sorocaba estão no radar porque, operacionalmente, são considerados muito próximas da capital”, diz Gholmieh.
Seguindo os passos do Outback
O restaurante Fleming’s Prime Steakhouse & Wine Bar abriu sua primeira unidade fora dos EUA no Jardim Paulistano, bairro nobre na capital paulista, em março deste ano. A marca pertence ao mesmo grupo do Outback, que chegou ao Brasil em 1997 e tem aqui nove das dez lojas com maior faturamento no mundo.
“É a nossa primeira unidade fora dos EUA e é natural que seja aqui por todo o histórico do grupo”, diz Mauro Guardabassi, presidente do Fleming’s Brasil.
Acreditamos que a crise é passageira e não mudamos os planos, que tiveram início há um ano e meio. Nunca pensamos em adiar. Com toda certeza vamos abrir outras unidades.
Ele não cita possíveis novos locais. O Fleming’s teve investimento de R$ 7,5 milhões e, mês a mês, tem registrado alta no faturamento, diz o executivo.
Pedidos nas redes sociais
A Taco Bell, rede de fast food dos EUA inspirada em comida mexicana, deve inaugurar sua primeira unidade no país em setembro e tem uma proposta ambiciosa: abrir 100 lojas até 2020, sendo 25 próprias e 75 franqueadas.
“Identificamos comunidades nas redes sociais pedindo a vinda para o país”, conta Michel Chaim, gerente geral da Taco Bell Brasil. A empresa será trazida ao país pela Sforza, empresa de investimentos do empresário Carlos Wizard Martins, fundador da escola de línguas Wizard.
Com a crise, foram quase dois meses até bater o martelo nos preços para o cardápio. “Em alguns produtos, vamos ter um lucro interessante. Em outros, ainda não vai ser como gostaríamos, por causa do volume de vendas”, diz Chaim.
Cake Boss adiou os planos
Os planos de vir para o Brasil começaram antes do agravamento da crise, mas, mesmo assim, a abertura das lojas não foi adiada, segundo os executivos das redes citadas acima.
“Por vezes, é mais oneroso reverter que dar continuidade ao plano de negócios, que demanda muito tempo, investimento e pesquisa”, afirma o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini. “Se não for feito agora, pode-se perder o timing. Talvez seja melhor diminuir o escopo que adiar.”
Um caso diferente é o do apresentador Buddy Valastro, o Cake Boss da Record e dos canais Discovery. Ele desistiu de abrir este ano sua primeira Carlo´s Bakery fora dos Estados Unidos, que ficaria em Guarulhos, na Grande São Paulo.
A chegada de marcas estrangeiras no momento, porém, é pequena se comparada ao que foi visto há cerca de cinco anos, diz Marcos Bedendo, professor da Pós-Graduação da ESPM e consultor da Brandwagon. “É preciso lembrar também que muitas marcas deixaram o país recentemente.”