Ao contrário de outros setores varejistas, o farmacêutico não para de inaugurar lojas pelo país, crescendo 7% em 2015
Enquanto milhares de lojas de roupas, eletrodomésticos e até de alimentos fecham as portas Brasil afora, o setor farmacêutico segue inaugurando dezenas de unidades. Avesso à crise econômica, o segmento cresceu 7% em 2015, com uma expansão ainda maior nas grandes redes de remédios: 12%. Só este subsetor, que é representado por marcas como Pague Menos, Big Ben, Drogasil e Drogaria São Paulo, abriu 394 novas lojas e movimentou R$ 35,94 bilhões em vendas no ano passado, consolidando-se como a única atividade varejista a manter resultados positivos durante a recessão econômica.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as vendas do varejo caíram 4,3% no País no ano passado. O baque atingiu 12 das 13 atividades pesquisadas. A única a escapar do vermelho foi a venda de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, que cresceu 3% e segue em expansão neste ano. Segundo o IBGE, o setor cresceu 0,7% de janeiro a maio de 2016. Apesar de tímida, a expansão é considerada positiva porque, mais uma vez, representa o único resultado positivo do varejo no período.
“Quando a renda e a capacidade de compra das pessoas caem, elas logo deixam de comprar roupa, sapato, eletrodoméstico. Agora, o que é essencial, como alimento, medicamento e higiene pessoal, ninguém deixa de comprar, porque não se pode viver sem isso”, explicou o presidente da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), Sérgio Mena Barreto, lembrando que o envelhecimento da população contribui para a procura por remédios.
A Abrafarma ressalta, no entanto, que os bons resultados refletem a atividade das grandes redes farmacêuticas. “O Brasil tem 72 mil farmácias, mas 80% disso são de pequeno porte. Essas microempresas têm uma margem de lucro de apenas 3%, então não têm crescido muito. São as grandes farmácias, de rede, que sustentam os bons resultados. Elas vendem de 10 a 15 vezes mais que as farmácias independentes porque têm maior variedade de produtos, centros de distribuição próprios e bom sistema de gestão. Por isso, crescem de 13% a 14% ao ano”, explicou Barreto.
É por isso que, apesar do menor número de lojas, as grandes redes representam 56% de todas as vendas do segmento farmacêutico. De acordo com os dados do setor, só essas lojas venderam 2,1 bilhões de produtos no ano passado, movimentando R$ 35,9 bilhões. E os bons resultados devem se repetir neste ano. Afinal, só entre janeiro e abril, foram comercializados 720 milhões de produtos nestas lojas, que, desta forma, receberam 278 milhões de clientes e R$ 12,60 bilhões, valor 13% maior que o registrado no mesmo período de 2015.
Pernambuco
Para continuar crescendo, as grandes redes têm investido fortemente na abertura de novos pontos comerciais. Só no ano passado, 394 farmácias foram inauguradas no País. E este número deve subir para 600 neste ano, segundo a Abrafarma. Com 890 unidades em todo o Brasil, a Pague Menos quer inaugurar 120 dessas novas farmácias. Para isso, já abriu 69 novos pontos de venda neste ano, com o recorde de 17 inaugurações só no mês de junho. “A Pague Menos está apostando no futuro, pois a única forma de sair da crise é investindo no negócio”, disse o presidente da rede, contando que só em Pernambuco há dez lojas em construção.
A rede, fundada em Fortaleza, não é a única a investir no Estado. O crescimento do setor farmacêutico também propiciou a inserção de marcas originárias do Sudeste na Região Metropolitana do Recife. Só a Drogasil já inaugurou 20 lojas em menos de dois anos de atuação no Estado. Nos próximos meses, a rede ainda vai abrir um centro de distribuição em Jaboatão dos Guararapes para fornecer os produtos das 69 farmácias que mantém no Nordeste.
Metade das vendas já é de produtos
As farmácias não cresceram apenas em número de vendas e lojas. Hoje, a variedade de produtos também surpreende. Junto com os remédios, é possível comprar sabonete, escova de dente, tinta de cabelo, barbeador e até chocolate. E estes atrativos adicionais respondem por boa parte do crescimento do setor. Segundo a Abrafarma, a venda dos “não medicamentos” já cresce mais que a dos medicamentos, somando quase a metade do volume comercializado em remédios.
Em 2015, segundo a associação, as grandes redes de farmácia comercializaram R$ 23,8 milhões em medicamentos e R$ 12 milhões em outros produtos. Com isso, a venda dos não medicamentos acumulou alta de 13,7%, contra 7,4% dos remédios.
“Hoje o grande impulsionador do setor é a categoria de não medicamentos, que já representa 34,82% do volume total de vendas das grandes redes”, reconheceu o presidente da Abrafarma, Sérgio Mena Barreto, contando que esta boa participação também se deve ao fato de muitas farmácias já oferecerem mais produtos de beleza e higiene pessoal que os supermercados. “Essa diversidade vai ao encontro da demanda da população de encontrar muito mais do que saúde no estabelecimento farmacêutico”, finalizou.