O ambiente no Brasil dificulta a participação de varejistas de moda internacionais, e não apenas por causa da crise econômica.
O ambiente no Brasil dificulta a participação de varejistas de moda internacionais, e não apenas por causa da crise econômica. Na avaliação da consultoria Sonne, especializada em gestão de marcas, a perspectiva é que aspectos estruturais continuem a representar entraves para as grifes estrangeiras por pelo menos mais uma década.
“Ainda que o governo faça tudo certo e consiga reverter os indicadores macroeconômicos hoje negativos, o país ainda não tem um ambiente favorável para o modelo de negócios que essas companhias adotam globalmente”, afirmou Maximiliano Bavaresco, sócio-diretor da Sonne Consultoria. Esses modelos de negócios, observou o analista, dependem de uma cadeia de produção e de um sistema de logística muito eficientes, com capacidade de entrega e adaptação a mudanças na demanda muito rápidas. “Atualmente a cadeia de confecção no Brasil não tem essa agilidade”, diz.
Os custos também são mais altos em função da carga tributária elevada, dos custos com logística mais altos, entre outros fatores. “Se as empresas optam pela importação o problema é maior por conta da variação cambial, das tarifas de importação e de burocracias para o desembaraço de produtos na alfândega”, observa Bavaresco.
Como resultado, praticamente todas as grifes internacionais são obrigadas a trabalhar no Brasil com preços mais altos em relação aos praticados no exterior. “O problema é que essas empresas começam a atingir uma faixa de preço que tira a competitividade com as grandes varejistas brasileiras”, disse o analista.