De uma pequena cidade do interior de São Paulo para o mundo. De olho no aumento do consumo de produtos saudáveis, o empresário Antonio Fadel, 60, aproveitou a estrutura da sua fábrica, que vende fécula de mandioca para a indústria de alimentos, para produzir tapioca embalada a vácuo e vender a iguaria, feita na hora, em quiosques.
O negócio existe há 15 anos, tem 40 funcionários, e é sediado em Tarabai, uma cidade de cerca de 7.000 habitantes, a 573 km a oeste de São Paulo, na região de Presidente Prudente.
Fadel investiu R$ 10 milhões para iniciar a nova produção, em julho do ano passado. Ele também alterou o nome da empresa: antes era Amidoeste e passou a ser Casa Maní (o nome faz referência a uma lenda indígena sobre a mandioca). Exporta para oito países e faturou R$ 18 milhões no ano passado.
Empresa terá loja no aeroporto de Guarulhos
O empresário também iniciou o processo de abertura de franquia da marca. O primeiro quiosque deve ser aberto em setembro, no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (SP). Segundo ele, desde que anunciou a expansão, 20 candidatos já sinalizaram interesse em adquirir uma unidade, e as negociações estão bem adiantadas.
O investimento inicial para abrir uma loja é de R$ 110 mil. O valor inclui custo de instalação, capital de giro e taxa de franquia. O faturamento mensal estimado é de R$ 70 mil e a margem de lucro é de 18% do valor do faturamento (R$ 12.600). O retorno do investimento vem em até um ano. Os dados foram fornecidos pela empresa.
Tapioca vai custar entre R$ 12 e R$ 15
A loja de Cumbica e os quiosques da rede vão vender, além das embalagens a vácuo, tapiocas feitas na hora, com preços que vão de R$ 12 (tradicional com manteiga) a R$ 15 (presunto cru, queijo brie, mel e nozes).
Entre os sabores, estão: carne seca desfiada com requeijão; tiras de filé, tomate seco, alface crespa e requeijão; caprese, mozarela de búfala, manjericão e tomate seco; massa com chia, mix de cogumelos e tofu; banana e creme de chocolate com avelã; doce de leite com paçoca; e massa de cacau com creme de chocolate com avelã e geleia de frutas vermelhas.
A empresa também produz barrinhas de tapioca em quatro sabores: banana, banana com chocolate, morango com chocolate e castanha com chocolate. Elas custam R$ 2.
Exportação para EUA, Japão e mais 6 países
Com poucos meses de fabricação, o produto representou 40% do faturamento de R$ 18 milhões registrado pela empresa no ano passado. De acordo com Fadel, a tapioca embalada a vácuo é vendida em supermercados e lojas de produtos naturais espalhados por todo o país. A empresa não tem loja própria.
Para este ano, a meta é chegar a um faturamento na ordem de R$ 22 milhões. “Esperamos que 80% desse valor venha da tapioca. Assim que consolidarmos o produto, pretendemos parar com a fabricação da fécula da mandioca para abastecer a indústria de alimentos.”
O produto é exportado para oito países: Japão, Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Coreia do Sul, Nova Zelândia e Austrália. “Por ser embalada a vácuo, é possível garantir a qualidade do produto para exportação.”
Onda de produtos saudáveis veio para ficar
Segundo Juliana de Magalhaes Berbert, consultora do Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo), inovar e se reinventar em momentos de crise é fundamental para garantir a saúde de uma empresa.
“A companhia fez algo inovador e mudou o seu principal negócio para seguir uma tendência, que é o consumo de alimentos saudáveis, que veio para ficar. A tapioca é um dos produtos que mais estão em alta nesse mercado.”
É fundamental ter loja própria antes de abrir franquia
Berbet diz, no entanto, que mesmo fazendo uma pesquisa de mercado bem detalhada, uma empresa deve abrir uma loja própria antes de optar pela expansão por franquia. “É preciso ter os processos muito bem definidos antes de abrir uma franquia. O conhecimento teórico não nos fornece o que acontece no negócio na prática.”
Outro ponto que merece atenção, segundo a consultora, é a concorrência. “Já existem quiosques que vendem tapioca em shoppings. Ter um único produto e ser fornecedor exclusivo de uma rede pode ser um grande risco. Se não tiver aceitação em grande escala, o empresário pode não conseguir chegar ao ponto de equilíbrio do negócio.”
Para ela, antes de se lançar no mundo das franquias, o empresário poderia abrir uma loja dentro de outra loja. “É um modelo de negócio que vem sendo muito aproveitado por várias redes.”